A jornalista e apresentadora Fátima Bernardes anunciou, na quarta-feira (2), que está com câncer de colo de útero. Ela escolheu contar o diagnóstico por meio de sua conta no Instagram, onde afirmou estar bem e que passará por cirurgia, pois o tumor ainda encontra-se em fase inicial.
Esse tipo de câncer está, atualmente, entre os de maior incidência no país – é estimado que, até o final deste ano, mais de 16 mil mulheres terão o diagnóstico da doença. Nos últimos 10 anos (2008-2018), a taxa de mortalidade decorrente de doença saltou 33%, resultando em uma vítima a cada 90 minutos, segundo dados do Ministério da Saúde.
A partir do conhecimento do grande número, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) iniciou, neste mês, a campanha Vamos Acabar com Isso, visando à consciência e à erradicação desse tipo de câncer. A ação integra uma iniciativa promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A adoção da "Estratégia Global para Acelerar a Eliminação do Câncer de Colo do Útero como um Problema de Saúde Pública", da OMS, é baseada nos seguintes pilares.
- Cerca de 90% das meninas devem receber a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) até os 15 anos de idade;
- Cerca de 70% das mulheres devem realizar um exame de rastreamento com teste efetivo até os 35 e outro até os 45 anos;
- Cerca de 90% das mulheres identificadas com lesões precursoras ou câncer invasivo devem receber tratamento.
Nível mundial da doença
São mais de 570 mil novos casos do câncer de colo de útero no mundo e, dessas mulheres, cerca de 311 mil acabam morrendo anualmente. A doença ocorre predominantemente em mulheres não brancas (62.7%) e com baixa escolaridade (62.1%). No Brasil, o sistema público de saúde atende 75,32% dos pacientes com câncer.
O período entre o diagnóstico e o primeiro tratamento dura mais de 60 dias em 58% dos casos, ocorrendo mortes precoces em 11% delas.
Tratamento
O tratamento geral dos cânceres invasivos do colo do útero são cirurgia ou radioterapia combinada com quimioterapia — a escolha depende do estágio clínico do tumor, da idade, da história reprodutiva, do estado da paciente e das condições disponíveis no serviço de saúde.
No Brasil, aproximadamente 80% das mulheres com diagnóstico de doença invasiva estão na fase avançada, fora de condições técnicas de cirurgia, sendo necessárias a radioterapia e a quimioterapia como tratamento.
Por que é tão importante vacinar adolescentes?
O câncer do colo do útero é o único que tem suas chances reduzidas por meio de uma vacina. Em 2014, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) introduziu a vacina quadrivalente de HPV para meninas de nove a 14 anos em esquema de duas doses com intervalo de seis meses. Em 2017, o programa passou a contemplar também os meninos de 11 a 14 anos, também no esquema de duas doses.
As vacinas para HPV são altamente efetivas e promovem uma diminuição significativa das infecções e, consequentemente, das lesões neoplásicas do colo do útero, responsáveis pela potencial perda do órgão. A importância da campanha da Febrasgo e da OMS reside no fato de que, no Brasil, a cobertura da vacinação tem sido abaixo do necessário para uma ação efetiva nas próximas décadas.