O grupo farmacêutico britânico AstraZeneca afirmou que encontrou, após pesquisas adicionais, "a fórmula vencedora" para a vacina contra a covid-19 desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, sobre a qual a agência reguladora britânica deve se pronunciar nos próximos dias. Esta vacina é a principal aposta do governo brasileiro.
— Acreditamos que encontramos a fórmula vencedora e como obter uma eficácia que, com duas doses, está à altura das demais — afirmou o diretor executivo da empresa, Pascal Soriot, ao jornal Sunday Times.
Ele disse ainda que a vacina garante uma "proteção de 100%" contra as formas graves de covid-19.
Com aquisição já confirmada pelo governo federal, a vacina de Oxford, desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, começará a ser entregue ao Ministério da Saúde em 8 de fevereiro, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) .
A presidente do instituto, Nísia Trindade, confirmou a data durante uma audiência sobre o combate à covid-19 realizada pela Comissão Externa da Câmara dos Deputados, em 22 de dezembro. No contrato firmado pelo governo federal, o Brasil receberá o chamado "ingrediente farmacêutico ativo" (IFA) para processamento e envase das doses pela Fiocruz. Serão entregues 1 milhão de doses entre 8 e 12 de fevereiro ao Programa Nacional de Imunização (PNI) e mais 1 milhão na semana seguinte. A partir da terceira semana, a meta do instituto é produzir 700 mil doses diárias da vacina, que será chamada de Covid-Fiocruz.
O cronograma da Fiocruz confronta ao menos parte da mais recente previsão do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. No dia 17, o ministro disse prever a entrega de 24,7 milhões de doses de imunizantes ainda em janeiro, sendo 15 milhões delas da vacina de Oxford.
Nos resultados provisórios de testes clínicos em larga escala no Reino Unido e Brasil, o laboratório britânico anunciou em novembro que sua vacina tinha eficácia média de 70%, contra mais de 90% dos fármacos da Pfizer/BioNTech e Moderna.
Por trás do resultado médio estão grandes diferenças entre dois protocolos: a eficácia alcança 90% para os voluntários que receberam primeiro metade da dose e uma dose completa um mês depois, mas de apenas 62% para outro grupo vacinado com duas doses completas.
Os resultados foram criticados porque houve um erro na injeção de meia dose, embora um grupo relativamente pequeno tenha seguido este protocolo. A empresa anunciou mais tarde que sua vacina exigia "estudos adicionais".
A vacina Oxford/AstraZeneca é aguardada com impaciência porque é relativamente barata e não precisa ser armazenada a uma temperatura tão baixa quanto a da Pfizer/BioNTech, por exemplo, que deve ser mantida a -70ºC. O fármaco da AstraZeneca pode ser armazenado em condições de refrigeração (2ºC a 8ºC), o que facilita a vacinação em larga escala e em casas de repouso.
O Reino Unido foi o primeiro país ocidental a iniciar a imunização com a vacina da Pfizer/BioNTech, no início de dezembro. Agora conta com a segunda vacina Oxford/AstraZeneca para ganhar impulso e cortar a curva de aumento de casos atribuídos à nova cepa do coronavírus detectada em seu território.
Sobre a mutação, "pensamos no momento que a vacina deve continuar sendo eficaz", afirmou Pascal Soriot. "Mas não podemos ter certeza e faremos alguns testes". Ele garantiu que novas versões foram preparadas, mas espera que não sejam necessárias.
O governo do Reino Unido informou na quarta-feira (23) que apresentou os dados completos da vacina Oxford/AstraZeneca à agência reguladora local, a MHRA (Medicines and Healthcare products Regulatory Agency).
De acordo com a imprensa britânica, a MHRA deve se pronunciar sobre a vacina nos próximos dias, com o objetivo de iniciar a aplicação em 4 de janeiro.