As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de Porto Alegre estavam com 311 pacientes internados com coronavírus nesta segunda-feira (28). É o terceiro dia de queda. Essa quantidade representa 81,20% da capacidade máxima de atendimento em UTIs para pacientes com a covid-19, que é de 383, já com realocação de leitos.
Apesar desse pequeno recuo, especialistas ouvidos por GZH alertam para possível agravamento do atual cenário em razão das festas de final de ano, já que a média móvel – que é o melhor cálculo para avaliar o comportamento da pandemia – é a maior em 15 semanas, perdendo para o período de 8 a 14 de setembro, quando estava em 315,42 pacientes.
Trata-se da sétima semana seguida de aumento desse indicador. O índice está em 313,14, contra 312 dos sete dias imediatamente anteriores. Isso representa aumento de 0,36% de uma semana para outra.
— A gente espera que essa pequena queda recente possa ser o reflexo de um descenso dessa segunda onda que nós tivemos. Mas é tão precoce falar disso que fica mais no nosso desejo — destaca Alexandre Zavascki, professor de Infectologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ao lembrar que esse período de final de ano é atípico e é preciso cuidado para evitar aumento de casos após as confraternizações.
Zavascki explica que os reflexos do final de ano deverão ser sentidos nas UTIs no fim da segunda semana de janeiro.
Doutor em Epidemiologia e professor da UFRGS, Paulo Petry lembra que o patamar alto do número de pacientes internados preocupa, mesmo que haja pequenas oscilações para mais ou para menos.
— Nós estamos com uma sobrecarga do sistema que já vem se arrastando desde o início da pandemia. As equipes, e eu tenho contato com as pessoas de linha de frente das UTIs e dos leitos clínicos, estão muito cansadas. Esses trabalhadores têm adoecido — pondera o médico.
Petry chama atenção para a falta de comprometimento de parte da população, que não colabora com as regras sanitárias para evitar a disseminação ainda maior do vírus. E também de governos.
— Há uma falta de ações dos poderes, tanto federal, quanto estadual e municipal. Os prefeitos, certamente por pressões políticas e econômicas, estão flexibilizando demais. Por exemplo: a utilização da orla. As pessoas não estão usando máscara, e isso vai refletir no aumento da circulação do vírus e, consequentemente, na ocupação de leitos clínicos de UTIs — alerta Petry, classificando a situação como “preocupante”.
A taxa geral de ocupação, que inclui outros motivos além do coronavírus, estava em 88,78% nesta segunda-feira. Havia 712 pacientes para 816 leitos. Outros 14 leitos estavam bloqueados momentaneamente.
Os hospitais Moinhos de Vento, Cristo Redentor e Independência estão com 100% dos leitos de UTI ocupados. Os hospitais referências no combate à covid-19 mantêm as seguintes ocupações: Clínicas (88,19%), Conceição (97,33%) e Santa Casa (92,56%).