Correção: o secretário da Saúde de Porto Alegre, Pablo Stürmer, é médico de família e comunidade, e não epidemiologista como publicado entre as 23h58min de 3 de dezembro e 11h07min de 4 de dezembro. A informação já foi corrigida no texto.
Porto Alegre está tomando novas medidas para frear o avanço da pandemia — que apresenta piora em indicadores — como suspender novas flexibilizações, restringir o funcionamento dos comércios até 20h e reduzir o horário de bares e restaurantes até 22h. Paralelamente, a prefeitura tem um plano de expansão hospitalar conforme a piora da situação.
Na estratégia, a ocupação das UTIs é dividida em três fases: inicial, intermediária e avançada. A Capital está na fase intermediária, um cenário que prejudica um pouco o atendimento a cirurgias eletivas, mas ainda garante a assistência à população.
Se chegar na fase avançada, hospitais que não são de referência para a covid-19 precisarão cancelar as cirurgias eletivas e se adaptar para criar novos leitos de UTI focados em quem está contaminado com o vírus e precisa de atenção urgente. O objetivo seria atender à demanda de quem precisar de internação intensiva.
A capacidade máxima de expansão é de 383 leitos — no pico da epidemia, em agosto, 344 vagas chegaram a ser usadas. Agora, o esforço é para não ultrapassar esse limite — nesta quinta-feira (3), havia 275 confirmados em UTIs por coronavírus.
O grande receio de médicos, porém, é o aumento da demanda da pandemia concomitante com as internações de pacientes sem o vírus, mas que realizaram cirurgia inadiável, como para coração, câncer ou de obesidade.
— A assistência será conforme a demanda se apresenta. Obviamente, a demanda de covid tem crescimento exponencial, e a demanda não covid, não. Estamos mais bem servidos (de leitos), mas existe um limite. Vários hospitais, públicos e privados, dizem que não é possível abrir vagas porque profissionais que trabalham estão no limite, seja numérico, seja de hora extra e de sobrecarga de trabalho — observa o secretário da Saúde de Porto Alegre, Pablo Stürmer, que é médico de família e comunidade.
A reativação de vagas focadas em coronavírus já começou em novembro, quando a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) reabriu, no Hospital de Clínicas, 18 vagas em leitos clínicos e 11 para covid. Neste início de dezembro, o Hospital Vila Nova ganhou 20 novos leitos de UTI que não existiam antes.
O Hospital Cristo Redentor ainda abriu 10 leitos de UTI para pacientes com outras doenças de forma a atender à demanda de pacientes sem covid. Assim, o Grupo Hospitalar Conceição poderá reabrir 14 vagas na UTI somente para quem tem coronavírus.
A prefeitura também expandiu a testagem por RT-PCR — exame considerado por especialistas padrão-ouro, porque detecta a doença ativa — para todos os contactantes (familiares e colegas de trabalho, por exemplo) de uma pessoa infectada, mesmo que não tenham sintomas. O objetivo é isolar casos assintomáticos ou pessoas que ainda não desenvolveram sintomas.
O secretário municipal da Saúde avalia que a pandemia não está exponencial em Porto Alegre e acrescenta que a prefeitura não descarta voltar a fechar setores do comércio. Entretanto, observa que o ano está prestes a acabar e que o prefeito eleito, Sebastião Melo (MDB), anunciou que não fechará o setor.
— Estamos nos últimos 30 dias de gestão e o próximo governo sinalizou que não deve haver restrições nesse sentido. O maior fechamento que fizemos foi porque a velocidade de crescimento era muito grande e logo teríamos um colapso do sistema de saúde. Se não faltasse leito, faltaria profissional, ventilador, medicamento ou ambulância. Não dá para ter pandemia descontrolada na cidade. E a única forma de controlar é com a movimentação das pessoas — acrescenta Stürmer.
Para denunciar aglomerações
O governo do Estado criou um disque 150 para a população denunciar festas clandestinas ou grandes aglomerações.