O aumento no número de casos de coronavírus no Brasil pode acelerar os resultados preliminares do estudo com a vacina contra covid-19 conduzido pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac, disse, na terça-feira (17), o diretor de pesquisa clínica da instituição, Ricardo Palacios. Nesse estudo, a primeira análise sobre a eficácia do imunizante precisa ter 61 participantes infectados para que os dados sejam abertos — com a alta nos contágios no país, é possível que essas infecções ocorram mais rapidamente.
É preciso atingir um número pré-determinado de infectados para que a análise interina da eficácia possa ser divulgada. Essas informações ficam sob responsabilidade de um comitê internacional, que faz um acompanhamento independente da pesquisa. Cabe a ele notificar o Butantan quando forem atingidos os 61 casos e também avaliar se os dados preliminares serão divulgados.
Posteriormente, quando houver o registro de 151 casos confirmados dentro do universo dos mais de 10 mil incluídos na pesquisa, o estudo é aberto para identificar quem tomou a vacina e quem tomou o placebo. Se a maioria dos infectados estiver no grupo placebo, a eficácia da vacina pode ser comprovada. A partir desses resultados, há o encaminhamento para aprovação do imunizante junto aos órgãos competentes, no caso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A Anvisa informou, em setembro, que poderá dar o aval para uma vacina que atinja 50% de eficácia, aos moldes do que já havia definido o Food and Drug Administration (FDA), órgão similar dos Estados Unidos.
Distribuição indefinida
Na terça-feira, o governador de São Paulo, João Doria, confirmou que 120 mil doses da chamada CoronaVac devem chegar ao Estado na quinta-feira (19). Elas serão armazenadas e ficarão prontas para distribuição quando houver confirmação da sua eficácia e posterior aprovação da Anvisa para seu uso.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Butantan informou que o modelo de distribuição de vacinas para a população fica a cargo do Ministério da Saúde, que também define a logística e a priorização da oferta do imunizante. Atualmente, o instituto está em tratativas com a pasta para definir a compra ou não das doses.
O Butantan deve receber 6 milhões de doses prontas da vacina e outros 40 milhões em formato de matéria-prima para ser dividida em doses e envasada no Brasil. A produção em solo brasileiro deve começar somente após o fim das obras de reforma em uma fábrica que, depois de pronta, terá capacidade de produzir 100 milhões de doses por ano.