A piora da pandemia causada pelo coronavírus no pais pode acabar acelerando o resultado preliminar do teste que comprovará, ou não, a eficácia da CoronaVac. Para que a análise seja divulgada, é preciso que se chegue a 61 casos da doença entre os voluntários, neste caso. Como o país está em uma crescente no registro de infectados, esse processo pode ser acelerado, explica o diretor de pesquisa clínica do Instituto Butantan, Ricardo Palacios.
A imunização é produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o instituto. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo.
— Nós temos um protocolo guiado por desfecho, o que significa que temos um número predeterminado de casos de covid-19 que precisam ocorrer entre os voluntários do estudo antes que possamos fazer uma análise interina. No nosso caso, esse número é 61 — disse Palacios.
O diretor não estimou quando isso poderia ocorrer. A estimativa inicial dos especialistas envolvidos no trabalho é que era que a última etapa antes da aprovação da imunização fosse concluída antes do final do ano. Para Palacios, a antecipação ocorreria da mesma forma que os resultados preliminares foram anunciados nos testes da Pfizer e da Moderna, nos Estados Unidos.
A decisão sobre os dados preliminares deve ser, antes, avaliada pelo DSMB (comitê de monitoramento de dados e segurança), que acompanha o estudo de forma independente.
De acordo com o Butantan, pouco mais de 10 mil indivíduos — que receberam a vacina ou o placebo — já integram a pesquisa. O objetivo é chegar a 13.060 voluntários.
Nesta terça-feira, um estudo publicado pela revista The Lancet afirmou que a vacina é segura e ofereceu resposta imune dentro de 28 dias após a primeira dose em 97% dos casos, durante as fases 1 e 2 de testes.
Os estudos da CoronaVac envolvem 13 mil voluntários no Brasil, inclusive no Rio Grande do Sul, onde é testada no Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do RS (PUCRS) e na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Caso seja comprovada a segurança e a eficácia do imunizante na fase 3 dos estudos, o Butantan pedirá à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o registro da vacina — condição fundamental para eventual compra por parte do governo federal.