A farmacêutica Pfizer comunicou nesta quarta-feira (18) que, em conjunto com o laboratório alemão BioNTech, fez uma proposta ao governo federal que permitiria vacinar "alguns milhões de brasileiros" no primeiro semestre de 2021, em negociação sujeita à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A empresa disse ainda que trabalhará em parceria com a agência para fornecer todos os dados necessários para avaliação da segurança da vacina.
"A Pfizer fez uma proposta ao governo brasileiro, em linha com os acordos que temos fechado em outros países – inclusive na América Latina –, que permitiria vacinar alguns milhões de brasileiros no primeiro semestre, sujeita à aprovação regulatória", garantiu a empresa, em nota.
O governo brasileiro ainda não fez acordo para adquirir o imunizante da Pfizer, mas, nesta semana executivos da empresa foram recebidos para "conhecer os resultados dos testes em andamento e as condições de compra, logística e armazenamento oferecidas pelo laboratório", segundo o Ministério da Saúde.
A companhia farmacêutica espera obter o registro de sua vacina contra a covid-19 na Food and Drug Administration (FDA, agência do Departamento de Saúde norte-americano) em dezembro, o que permitiria iniciar a vacinação nos Estados Unidos ainda neste ano. Já a previsão para o Brasil seria de receber doses até março de 2021, todas embaladas em gelo seco devido à característica peculiar do produto de precisar ser conservado a temperaturas muito baixas.
A previsão da Pfizer é de que os requisitos exigidos pela agência reguladora americana para completar a solicitação de registro devem ser cumpridos na terceira semana de novembro. A partir daí, a avaliação da FDA deve durar cerca de um mês, e a concessão do registro de uso emergencial sairia ainda em 2020. Os testes clínicos da Pfizer/BioNTech envolvem cerca de 44 mil pessoas, sendo 3 mil no Brasil.
Empresa e governo ainda negociam
A vacina em desenvolvimento pela Pfizer em parceria com a BioNTech está em testes clínicos no Brasil desde julho e ainda precisará de registro na Anvisa. Foi adotado um modelo de submissão contínua, em que os documentos exigidos para o registro começam a ser avaliados em etapas, antes da conclusão dos experimentos.
Segundo a empresa, a partir da conclusão dos testes de fase 3, ainda este mês, todos os documentos serão encaminhados para a Anvisa. A empresa ainda negocia com o governo brasileiro a possibilidade de fornecer a vacina ao Sistema Único de Saúde (SUS). Diferentemente das vacinas da Sinovac e da AstraZeneca/Oxford, o acordo não deve prever transferência de tecnologia em um primeiro momento porque a Pfizer e a BioNTech optaram por concentrar a produção em suas plantas nos Estados Unidos e na Alemanha durante a pandemia.
Por ainda estar em negociação com o governo brasileiro, a Pfizer preferiu não revelar o preço da vacina, mas adiantou que há três faixas de preço oferecidas ao mercado global: uma para os países desenvolvidos, outra para as nações de renda média, como o Brasil, e a terceira para as mais pobres. A empresa afirma ter investido US$ 2 bilhões em recursos próprios no desenvolvimento da vacina.