Ainda sob impacto da mudança abrupta do discurso do governo federal sobre a compra da vacina desenvolvida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, o governador gaúcho, Eduardo Leite, disse que não descarta a possibilidade de um acordo direto com o governo de João Doria. Contudo, ele apela ao Ministério da Saúde que volte atrás e admita a compra de todos os imunizantes que forem comprovadamente seguros e eficazes, garantindo o acesso às doses a mais brasileiros.
— Já estive em São Paulo e conversei com o governador João Doria. Não se descarta que, eventualmente, façamos um acordo. Mas não faz nenhum sentido que os Estados, individualmente, façam a aquisição entrando em uma disputa em que todos saem perdendo — disse Leite em um vídeo enviado à GZH pela assessoria de imprensa do governo.
— Provavelmente, acabaremos assistindo no Brasil algo parecido com a compra dos respiradores, que foram feitas com valores mais altos e entregas incertas. O ideal é que o ministério coordene e lidere o processo de aquisição — completou.
Leite ressaltou que, até agora, nenhuma vacina foi registrada e relembrou que, mesmo assim, o governo federal já sinalizou um compromisso com a compra do imunizante desenvolvido pela AstraZeneca/Oxford, que também está em fase de estudos.
— O que se está pedindo ao ministério é que não tenha qualquer tipo de preconceito com a origem da vacina. O imunizante chinês, na verdade, não é só chinês, pois tem parceria com o Butantan, que é o fornecedor da maior parte das vacinas adquiridas pela pasta. É um instituto que tem tradição. Não é o governo ou o governador de São Paulo que estão desenvolvendo — finalizou.
Na quarta-feira (21), o Instituto Butantan, por meio de sua assessoria de imprensa, emitiu uma nota na qual disse receber com "surpresa e indignação a declaração do governo federal". Segundo o texto, São Paulo está comprometido em disponibilizar aos brasileiros uma vacina que seja segura e comprovadamente eficaz. O texto termina dizendo que "o governo de SP deseja também que o governo federal compreenda que salvar vidas é a missão máxima de qualquer gestor público responsável".