Foi com tristeza que o infectologista Fabiano Ramos, líder do estudo da vacina CoronaVac no Hospital São Lucas da PUCRS recebeu o anúncio do presidente Jair Bolsonaro, na manhã desta quarta-feira (21), de que o governo não irá comprar doses da imunização produzida na China. Em entrevista ao programa Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, nesta quarta, o médico disse que torce para que tudo se resolva e que a vacina, se bem sucedida, possa chegar na população o mais rápido possível:
— A gente espera, e acredito que o Instituto Butantan está esperando, que tudo se resolva no campo político para que a gente possa completar os testes e que a vacina possa chegar para a população o mais rápido possível. A gente tem o Instituto Butantan, que tem uma história de cem anos de pesquisas e desenvolvimento de vacina. Com certeza eles tiveram a escolha de produzir a CoronaVac depois de muitas avaliações e possibilidades de vacina, e escolheram uma vacina que eles viram que tem uma capacidade proteção e de segurança muito grande para a população. Tendo essa expertise do Butatan, a gente pode ficar tranquilo sobre essa escolha da vacina. Não tem nenhum motivo de a gente levar a diante essa fake news sobre vacinas chinesas. Isso é de uma irresponsabilidade.
Confira a entrevista completa na Rádio Gaúcha:
Conforme Ramos, 1.040 profissionais de saúde estão participando dos testes da vacina, que começaram em agosto – os voluntários recebem a vacina ou um placebo. Duas doses estão sendo aplicadas em um intervalo de duas semanas e exames periódicos de sangue são coletados dos voluntários.
— A gente acredita muito na vacina que o Butantan tem acordo com a Sinovac para produção. Por ser uma vacina com o vírus inativado, uma vacina de vírus morto, é uma vacina com um mecanismo bem conhecido, porque é muito parecida com a do vírus da gripe, que a gente faz campanha todo ano. Então já sabemos como essa vacina vai se comportar. Pelo menos a gente imagina como ela vai se comportar, que é como ela está neste momento, uma vacina muito segura — afirma.
Segundo o infectologista, os efeitos colaterais relatados até agora ao Hospital São Lucas são leves – o mais comum é dor no local da vacina, dor no corpo e dor de cabeça.
— A vacina do Instituto Butatan e da Sinovac, quem vem sendo testada, tem demonstrado segurança, que já havia sido demonstrada na fase 1 e fase 2, que são com menos pessoas participantes. E com essa segurança da vacina, a gente espera que até dezembro, pelo que tem se falado, tenha uma abertura desse estudo e uma avaliação desses dados. A partir daí, tem a avaliação da Anvisa — argumenta.