O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, foi diagnosticado com miocardite aguda no domingo (13). A doença é uma inflamação do miocárdio, músculo do coração, e é desencadeada, na maioria das vezes, por um processo viral.
O miocárdio é o músculo responsável pela contração do coração. Cada contração corresponde a um batimento cardíaco, que é responsável por gerar fluxo de sangue, oxigênio e nutrientes para todo o organismo, explica a chefe do Serviço de Cardiologia da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Paulo Leães:
— A miocardite aguda pode ser viral, que é a maioria dos casos, ou inflamatória. Essa doença acomete as células do músculo do coração. Ou seja, ela impacta diretamente no correto funcionamento dessa bomba, que é o miocárdio. Quando o vírus entra nas células e se reproduz, ele causa a miocardite aguda.
A identificação do quadro não é fácil, porque seu espectro clínico é muito amplo e pode variar de pessoa para pessoa. Algumas podem ser, até mesmo, assintomáticas para o quadro, diz Andreia Biolo, chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
— Às vezes, o paciente é diagnosticado com sequelas da doença em exame de rotina. Contudo, há indicativos da miocardite aguda, como dor no peito, cansaço ao fazer esforço e, nos casos mais graves, insuficiência cardíaca ou arritmia, que podem ser fatais — afirma.
Por isso, a especialista aconselha a indivíduos com quadro gripal, que apresentem falta de ar e dor no peito, que devem ao ir ao médico averiguar a situação para analisar se não houve comprometimento cardíaco.
Em caso de apresentação dos sintomas leves, marcadores cardíacos, ecocardiograma e ressonância cardíaca auxiliam no diagnóstico da enfermidade. Em situações mais graves, pode ser necessário realizar uma biópsia do músculo do coração, diz Andreia:
— Esse exame vai apontar qual o tipo de miocardite aguda, o que é importante para poder traçar um plano de tratamento.
Leães explica que não há um tratamento específico para a doença. São tratadas as consequências da enfermidade, o que varia de acordo com o quadro de cada paciente. Há casos em que o órgão recupera plenamente as suas funções.
— Há situações em que atacamos o vírus que é responsável pela agressão ao coração. Para outros pacientes, é necessário fornecer tratamento para controlar a insuficiência cardíaca. Há pessoas ainda nas quais será preciso implantar um marcapasso para manter o ritmo cardíaco dentro da normalidade e, nos casos mais extremos, quando o coração está muito prejudicado, é necessário o transplante — pontua.
A chefe do Serviço de Cardiologia do HCPA faz o alerta de que, embora não seja comum, a miocardite aguda é uma das complicações do coronavírus:
— A covid-19 é causada por um vírus, e a miocardite aguda pode ser uma das consequências. Felizmente, embora injúria miocárdica (lesão) leve seja comum na covid-19, casos de miocardite são pouco frequentes.