Um levantamento divulgado pela Central de Transplantes do Rio Grande do Sul aponta que, entre os meses de janeiro a agosto, houve uma redução de 43,75% na realização de transplantes de órgãos no Estado. O motivo para a queda foi a pandemia de coronavírus.
Em 2019, ocorreram 1344 operações entre transplantes de órgãos sólidos – coração, pulmão e fígado, por exemplo – e de tecidos – córnea, esclera, osso e pele. Já no mesmo período de 2020, foram 756.
A principal queda, de 54%, ocorreu nas cirurgias envolvendo os tecidos. No transplante de córneas a redução foi de 40%. De acordo com o governo do Estado, para tentar mudar esse quadro, enfermeiros estão em capacitação para realizar a retirada da córnea dos doadores em morte encefálica junto à Organização de Procura de Órgãos Cirúrgica da Central de Transplantes. O reforço da equipe garantirá que todo o Estado tenha abrangência, mesmo nos hospitais que geralmente não realizam a retirada de órgãos.
De acordo com os médicos, o fenômeno de redução nos procedimentos é mundial. Na Espanha e em outros países da Europa, a queda se aproximou dos 90%.
O coordenador de transplantes da Santa Casa de Porto Alegre, Valter Garcia, afirma que no Brasil a pandemia viveu dois momentos, iniciando com mais força no Norte, Nordeste e parte do Sudeste para, depois, atingir o resto do país. Entre as razões para a redução estão a diminuição das notificações de pessoas com morte encefálica detectada e também por questões de protocolo que proíbem o procedimento com doadores que poderiam estar infectados pela covid-19.
Além disso, o doutor Garcia afirma que o transporte dos órgãos também foi alterado pela pandemia.
—Encontramos dificuldades para fazer o translado dos órgãos, pois houve uma suspensão do transporte aéreo por conta da pandemia. Em muitas situações, havia um doador em outro Estado e não tínhamos como trazer o órgão para cá — revela o médico.
Mais famílias aceitam doar órgãos
A boa notícia é que houve um aumento no número de famílias que aceitaram que ocorresse a doação dos órgãos. Em 2020, foi registrado o menor índice de pessoas que negaram o procedimento – foram 46%
A expectativa é que uma mudança nacional dos números de transplantes ocorra em um período de seis meses. Para tentar acelerar o processo no Rio Grande do Sul, a Central de Transplantes lançou a campanha “De setembro a setembro”. A ideia é reforçar esse tema com a população de forma contínua. Neste domingo (27), é celebrado o Dia Nacional de Doação de Órgãos.