Thayla tem nove anos. Mas não esmorece diante dos desafios. Veio com a mãe de Manaus, capital do Estado do Amazonas, para Porto Alegre apenas para fazer uma consulta médica e tentar vencer uma doença rara. O diagnóstico médico veio acompanhado de outra notícia: "vocês não poderão voltar. Precisam ficar aqui até conseguirem um transplante de rim".
Ali, a espera começou. Aguardar a chegada de um órgão, me explicou a mãe, é uma angústia difícil de ser traduzida. Não depende da vontade de você.
Quando o mês de dezembro chegou, Thayla foi convidada pela equipe da Casa de Apoio Madre Ana, vinculada à Santa Casa, para escrever uma cartinha para o Papai Noel. Poderia fazer qualquer pedido. E também teria que contar algo bom que fez durante o ano.
Ela contou que aprendeu a escrever o próprio nome. E, com esperança, pensou no seu primeiro pedido. Estava prestes a colocar no papel à vontade de ter um boné do time do coração: o Flamengo. Mas a mãe lembrou que tinha algo que elas esperavam faz tempo.
Ela não titubeou: “Um rim!”. A mãe se emocionou.
A menina então escreveu no papel: um rim. Mas não esqueceu de acrescentar o boné do Flamengo. O Papai Noel não falhou.
Semanas depois, a notícia mais esperada: Thayla seria, finalmente, transplantada. E agradeceu ao Papai Noel. Com os cabelos cacheados e a a mil na cadeira de rodas, sorriu quando eu perguntei se o que a gente pede para o Papai Noel acontece.
A resposta veio da mãe:
— Para o Papai Noel e para o Papai do Céu.