O pedido enviado na semana passada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ao Ministério da Saúde pedindo uma "revisão urgente" do Guia Alimentar para a População Brasileira foi alvo de inúmeras manifestações. No documento, o Mapa pede a retirada das recomendações contrárias aos alimentos industrializados e ainda alegou que a classificação de alimentos ultraprocessados como nutricionalmente desbalanceados é "uma incoerência".
Entusiasta da comida de verdade — com mais alimentos in natura e “feitos por mãos humanas, e não máquinas” — , a chef, escritora e apresentadora de televisão Rita Lobo saiu em defesa do Guia, publicado em 2014 pela própria pasta da saúde. Em entrevista ao programa Timeline nesta segunda-feira (21), ela falou sobre a importância do documento e como a solicitação do Mapa pode impactar a saúde dos brasileiros.
— O Guia é um documento oficial revolucionário. Foi o primeiro no mundo a falar sobre a comida, não nutrientes, dividindo-a por grau de processamento. Há uma semana, o Mapa, que não tem nada a ver com isso, fez um ofício para pedir para a Saúde que tirasse a classificação de ultraprocessados do guia. E o motivo é muito simples: essa classificação escancara os interesses comerciais dos ultraprocessados em detrimento da saúde da população — disse.
Conforme explicou, o documento é gratuito e tem como objetivo orientar a população e os profissionais da saúde a terem melhores escolhas na hora de se alimentar.
— Sem o guia, as merendas escolares, por exemplo, ficavam suscetíveis a ter muitos ultraprocessados. A merenda ficou melhor em função desse documento, que ensina as classificações de grau de processamento dos alimentos. É uma coisa muito séria que tem a ver com a saúde da população como um todo — defendeu.
Caracterizados pelo excesso de sal, açúcar, gordura e aditivos químicos, como saborizantes, conservantes e corantes, os alimentos ultraprocessados estão intimamente relacionados com um aumento nos problemas de saúde.
— O que a ciência descobriu é que, à medida que as populações como um todo vão se afastando da cozinha e vão consumindo mais industrializados, os índices de obesidade e outras doenças crônicas começam a subir. É só olhar para os Estados Unidos — sugeriu.
Rita concluiu afirmando que, no Brasil, ainda é mais barato consumir comida de verdade, como arroz, feijão, carne e vegetais, do que os industrializados. Ao contrário do que acontece em países como Estados Unidos e Inglaterra:
— Nesses locais, a demanda por comida de verdade ficou tão escassa que virou artigo de luxo.
Nas redes sociais, além de Rita, nomes conhecidos como bela Gil e Daniel Cady também se manifestaram contra o pedido do Mapa.