Em meio à pandemia de covid-19, o Rio Grande do Sul encerrou, em julho deste ano, o surto de sarampo, iniciado em julho de 2019. Somando os casos confirmados nos dois anos, foram 138 pacientes infectados – o número é somado porque o surto não foi encerrado de um ano para o outro.
Em 2019, o total de pacientes doentes chegou a 101. Em 2020, foram 37. Dezoito municípios registraram casos em todo o período de surto: Gravataí, com 40, Porto Alegre, com 28, e Cachoeirinha, com 21, concentraram a maior parte.
Nenhuma morte por sarampo foi registrada neste período.
A data do último exantema registrado, quando o paciente tem manchas vermelhas pelo corpo, é 2 de abril. Segundo o Ministério da Saúde, o surto é considerado encerrado após um período de 90 dias do último exantema, completado em julho deste ano.
A técnica da Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Juliana Patzer, acredita que um dos fatores que contribuíram para a diminuição da circulação do vírus é a pandemia de covid-19. Com as medidas de distanciamento implantadas, muitas pessoas passaram a trabalhar de casa, e o movimento nas ruas diminuiu:
— O sarampo é extremamente contagioso, mais do que o próprio coronavírus. A diminuição da circulação aérea, com menos voos, e da circulação de pessoas, são fatores que podem ter influenciado. Nossa maior faixa etária de pessoas infectadas era de pessoas entre 15 e 29 anos, e essas pessoas deixaram de se deslocar com a suspensão de aulas presenciais.
Mesmo com a boa notícia, Juliana alerta que ainda é preciso ter cuidado. Até o final de julho, o país ainda registrava mais de 7,4 mil casos.
— Como o país continua em surto, as pessoas não podem relaxar nesse momento: é importante aplicar a vacina e ficar alerta para a identificação de qualquer caso suspeito. A gente sabe que a realidade dos municípios é complicada, em meio à pandemia, e que pode ter havido também uma queda nas notificações também.
Em 2018, a doença voltou a circular em solo gaúcho, e o Estado registrou 47 casos. Antes disso, os últimos registros autóctones eram de 1999 – em 2010 e 2011, houve apenas casos importados.
Sintomas e vacinação
Sarampo é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus. Sua transmissão ocorre quando o doente tosse, fala, espirra ou respira próximo de outras pessoas. Qualquer indivíduo que apresentar febre e manchas no corpo acompanhado de tosse, coriza ou conjuntivite deve procurar os serviços de saúde para a investigação.
A imunização contra o sarampo é oferecida gratuitamente na rede pública por meio da vacina tríplice viral (que também protege contra caxumba e rubéola). Pode se vacinar quem tem entre seis meses e 59 anos. Para ser considerada vacinada, a pessoa precisa ter tomado duas doses na vida – a primeira é prevista aos 12 meses. A dose aplicada aos seis meses é a chamada “dose zero” e não conta para o esquema vacinal.