Ao comparar as semanas epidemiológicas 26 (21 a 27 de junho) e 27 (28 de junho a 4 de julho), o Ministério da Saúde constatou que a região sul do Brasil teve aumento de 36% no número de infectados e de 27% nos óbitos por coronavírus. É o pior desempenho entre todas as regiões do país. De uma semana para a outra, os Estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná pularam de 18.719 para 25.493 novos diagnosticados e de 338 para 428 novas mortes. Os dados foram apresentados em coletiva de imprensa no Ministério da Saúde, nesta quarta-feira (8).
— A nossa grande preocupação é com os Estados da região Sul, que vêm em um crescente há três, quatro semanas de aumento significativo no número de casos e também no de óbitos, assim como a região Centro-Oeste, que eram regiões que até quatro semanas atrás quase não apareciam em termos de estatística. Então, fica o alerta, tanto para a população desses Estados quanto para os gestores, para reforçar as medidas de atenção à saúde e diagnóstico para que a gente possa passar por todo esse período de sazonalidade, em que as pessoas buscam se fechar, ficar trancados. Tem que manter os ambientes arejados ventilados, com orientação da etiqueta da tosse, máscaras como elemento fundamental para evitar novas infecções e, principalmente, em casos de sintomas, procurar uma unidade de saúde para uma avaliação clínica adequada — disse o diretor do Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis, Eduardo Macário.
O Rio Grande do Sul, de acordo com o governo federal, foi o Estado da região Sul com maior crescimento no número de mortes, cerca de 30%, entre as semanas epidemiológicas 26 e 27. Entre 21 e 27 de junho, somou 124 novas mortes e, entre 28 de junho e 4 de julho, 161. Logo depois vêm Paraná e Santa Catarina. O Paraná, no entanto, apresentou aumento de 75% no total de infectados — já Santa Catarina teve elevação de 21% e, por último, o RS, com 13% de incremento.
Em todo o país, o Paraná foi o Estado que mais recebeu testes RT-PCR para detecção do coronavírus entre março e julho, sendo contemplado com 716 mil kits. Já os gaúchos receberam 106,9 mil testes e os catarinenses, 103 mil.
Até esta quarta-feira, 428 dos 497 municípios do RS confirmaram pelo menos um caso de covid-19 em seu território, o que representa 84% do total de cidades. No Brasil, 96,4% dos municípios registraram casos da doença.
“É válido ressaltar que, embora a região Sul tenha número de casos menores quando comparados a outras regiões, a quantidade de casos novos vem crescendo a cada semana, e as manchas (de calor) demonstram a necessidade de desenvolvimento de trabalhos no sentido do não avanço dos focos de ocorrências para os municípios do Interior, uma vez que elas têm se ‘espalhado’ ao longo do tempo”, diz boletim epidemiológico do ministério divulgado nesta quarta-feira.
A região Centro-Oeste teve aumento de 18% no número de casos e de 22% no de mortes, e é o segundo local proporcionalmente mais crítico, seguido por Nordeste e Sudeste. A região Norte foi a única que apresentou melhora, com redução de 15% no número de diagnosticados e de 5% nos óbitos, segundo levantamento do Ministério da Saúde.
O governo do RS se manifestou sobre a situação por meio de nota:
"O aumento no número de óbitos tem relação com o aumento nas internações em leitos de UTI, principalmente de pacientes Covid-19 confirmados. A Secretaria da Saúde do Estado ampliou em 70% o número de leitos de UTI e pretende chegar a 104% em agosto. Com isso, a taxa de ocupação de leitos de UTI em todo o Estado não ultrapassou a casa dos 74% desde o início da pandemia.
O RS é o 24° Estado no ranking nacional de mortalidade por 100 mil habitantes, na frente apenas de Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. O Governo do Estado lamenta todas as vidas perdidas pela Covid-19. O maior volume de internações faz crescer a necessidade de as pessoas se protegerem, respeitando o distanciamento social e a adoção de medidas de prevenção, como o uso de máscaras e de cuidados com a higiene."