A evolução dos contágios por coronavírus no Rio Grande do Sul preocupa cada vez mais profissionais da Saúde do Estado. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta quarta-feira (15), o infectologista André Luiz Machado da Silva, que atua no Hospital Nossa Senhora da Conceição, disse que a ocupação dos leitos de enfermaria destinados a pacientes confirmados com covid-19 já está em 85% na unidade. Para ele, a medida mais eficaz para conter o avanço seria o completo isolamento durante um período de, ao menos, sete dias.
— Lockdown é a medida mais indicada para que se possa conter a evolução da doença, levando em conta que estamos próximos a um colapso no sistema de saúde nos leitos. (...) Neste momento em que estamos no auge da pandemia no RS, devemos buscar taxas superiores a 55% de isolamento — afirma.
De acordo com ele, o período de encubação para o tratamento da doença nos leitos de enfermaria equivalem a sete ou 10 dias. Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), esse cenário aumenta para, ao menos, 14 dias — sem contar outros fatores que acometem indivíduos, como obesidade e diabetes, sendo, assim, necessário aumentar a duração de estadia no hospital.
Imunidade de rebanho
O infectologista afirma que, para eficácia da estratégia de imunidade de rebanho — onde boa parte da população passa a estar imune e o vírus encontraria menos hospedeiros e, com isso, circularia menos —, seria necessário vacinar ao menos 43% das pessoas.
No entanto, ele afirma ser necessário considerar dois principais pontos: que nem todas as pessoas que se expuseram ao vírus ficarão imune, pois ainda não há dados conclusivos sobre o tema; e que, aqueles que também não é possível concluir por quanto tempo essas pessoas ficariam imunes.
Possibilidade de aumentar o número de leitos?
Silva afirma não haver tempo disponível para renovação de leitos para futuros casos da doença, uma vez que a covid-19 encontra-se em plena atividade.
— Abrir mais leitos depende de força de trabalho. Não adianta termos mais leitos e não termos médicos capacitados para atuar. Na condição da covid-19, o mais importante é o manejo relacionado ao dano pulmonar. É preciso expertise para que haja o manejo adequado a esses pacientes — afirma.