Em live realizada na manhã desta terça-feira (14), o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, anunciou o lançamento da pesquisa Avaliação da Covid-19 na Comunidade — Porto Alegre. O projeto analisa os dados individuais de cada participante sobre seus hábitos de vida desde o início da pandemia para entender o impacto do distanciamento social aliado ao uso de máscara e a outras políticas de saúde pública.
A inciativa é uma parceria entre o Executivo do município, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade Federal do Pelotas (UFPel) e a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
O levantamento funciona assim: estudantes voluntários, alocados na Faculdade de Medicina da UFRGS, ligam para porto-alegrenses que foram diagnosticados com a covid-19 e contatam também pessoas não infectadas que foram testadas por pesquisadores da Epicovid-19, a pesquisa coordenada pela UFPel que mede a prevalência do coronavírus na população. Com base nas respostas obtidas, será mapeado que tipo de comportamento difere quem foi positivado para a pandemia de quem não foi.
A primeira etapa da pesquisa, que avalia mais especificamente os efeitos do distanciamento social, tem previsão de término para daqui duas ou três semanas, segundo os líderes do estudo. Até o momento, foram entrevistadas 250 pessoas que tiveram a doença, mas o objetivo é chegar a 450. Serão contatadas ainda outras 951 pessoas que tiveram exame negativo para a pandemia.
Os resultados preliminares do estudo mostram que no período entre a terceira e quarta rodada da pesquisa Epicovid-19, a adesão ao distanciamento foi mais intensa entre os idosos, de 70 a 79 anos. Ela chegou aos 90% neste grupo, enquanto esse índice chegou a 60% para jovens entre 18 e 29 anos, aponta o professor da UFRGS Bruce Duncan:
— Porto Alegre tem mais casos em jovens, apesar de a gravidade não ser tão aguda e, muitas vezes, assintomática. Percebemos também que os homens são mais afetados pela doença do que as mulheres. Por isso, a população mais nova tem o dever cívico de seguir a orientação de uso de máscara para proteger as pessoas mais velhas que elas têm na família.
O secretário-adjunto da Saúde, Natan Katz, reforça ainda que, por isso, o isolamento vertical, não tem efeito prático:
— Por mais que pessoas de maior risco tenham ficado em casa, os vetores continuam saindo de casa e se relacionando com pessoas mais velhas. Isso mostra que esse método não funciona.
O pesquisador Rodrigo Tólio apontou que uma das maiores dificuldades encontradas no levantamento é a dificuldade de contato com os entrevistados, em razão disso, ele fez um apelo:
— Se você teve diagnóstico positivo para o coronavírus no final de abril entre em contato conosco pelo telefone (51) 3308-5950, que também é WhatsApp.
Marchezan, que mediou a live, afirmou que o Executivo chegou a um alto nível de interferência nas atividades econômicas e na mobilidade dos porto-alegrenses para deixar mais difícil o trânsito das pessoas:
— Esperamos que isso tenha efeito porque outras medidas seriam mais drásticas e não sei se a nossa sociedade estaria preparada para segui-las.
E complementou:
— Muitos especialistas sugerem o lockdown. Isso não é de fácil aplicação. Existem mais restrições que podem ser feitas, como trancar avenidas, suspender linhas de ônibus, mas temos sinais de queda na aceleração de contágio. Vamos esperar até o final dos 15 dias para tomar novas decisões.