O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Sem conseguir reduzir o isolamento social a um índice considerado aceitável para frear o avanço do coronavírus, a prefeitura de Porto Alegre não cogita flexibilizar as restrições impostas recentemente, como o bloqueio de vales-transporte e a proibição de estacionamento na área azul, até o final desta semana. Embora em menor velocidade, a ocupação de leitos de UTI continua crescendo na Capital e o isolamento raramente chega aos 55%, percentual que norteia uma campanha de conscientização lançada recentemente pelo Paço Municipal.
O Executivo planeja, inclusive, endurecer as medidas ao vetar o pagamento em dinheiro da passagem do transporte coletivo em horários de pico. A ação deve entrar em vigor nos próximos dias, com o objetivo de reduzir ainda mais a ocupação dos ônibus e evitar que trabalhadores cuja atividade não é considerada essencial — e estão impedidos de usar o vale-transporte — sejam impelidos a ir até o trabalho mediante reembolso do valor da tarifa pelos empregadores. A prática não é permitida pelo decreto atual.
– A retirada do dinheiro, neste momento, é o mais higiênico e também tira do horário de pico os trabalhadores que estão com as atividades restritas e que o empregador pode dar o dinheiro (da passagem) e obrigar a ir trabalhar – pondera o prefeito Nelson Marchezan.
Com 34% dos leitos de UTI da Capital ocupados por pacientes com coronavírus, Marchezan diz que a situação é “angustiante”. Na reunião semanal com o prefeito, gestores de hospitais da Capital sugeriram a adoção de um lockdown para frear o contágio. Por enquanto, essa alternativa não está nos planos de Marchezan, que aposta no engajamento das pessoas.
– Se a sociedade abraçasse as restrições atuais, não estaria sendo aventado o lockdown – sugere o prefeito.