Um dia após anunciar a liberação do tratamento, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre realizou a primeira transfusão de plasma convalescente em paciente com covid-19. O procedimento ocorreu no início da noite de quinta-feira (16), após avaliação da equipe de pesquisadores, coordenada pelo professor Leo Sekine, chefe do banco de sangue da instituição.
O hospital não detalha o perfil do paciente, por questões de sigilo médico. Mas, segundo Sekine, a transfusão ocorreu sem intercorrências.
— É um paciente com quadro grave, que estava internado na enfermaria — observa.
Na quinta, Sekine havia antecipado para GaúchaZH que um dos critérios para participar da pesquisa era estar com um quadro agudo de infecção por coronavírus. Isso porque, segundo o pesquisador, os estudos demonstram maior eficácia do tratamento em pacientes graves.
Até agora, o Clínicas foi procurado por 20 voluntários para doação de plasma. Destes, 11 foram selecionados e já realizaram a coleta do material. A expectativa é de que os anticorpos produzidos por quem já contraiu o vírus ajudem os doentes graves a reagirem mais rapidamente à covid-19.
Desde 12 de junho, o Clínicas está recebendo contato de interessados em ser doadores de plasma convalescente para a pesquisa. A autorização do tratamento foi anunciada, em maio, pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Para sair do papel, porém, a instituição necessitava de recursos financeiros. Uma doação, feita pelo Instituto Floresta, permitiu o início rápido dos trabalhos.
A primeira transfusão desse tipo no Estado foi realizada em Caxias do Sul, na Serra, pelo Hospital Virvi Ramos. O paciente, que estava em estado crítico, recebeu alta da unidade de terapia intensiva (UTI) e foi considerado curado da doença.