Diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus destacou nesta sexta-feira (19) que a pandemia de coronavírus ainda é grave.
Durante entrevista coletiva, ele afirmou que apenas na quinta-feira (18) foram reportados à entidade mais de 150 mil novos casos da doença, um recorde diário.
— Quase a metade desses casos foram reportados das Américas, com grandes números também informados do sul da Ásia e do Oriente Médio — disse.
Na avaliação de Ghebreyesus, o mundo agora está "em uma fase nova e perigosa". Segundo ele, muitas pessoas já estão cansadas de ficar em suas casas, enquanto os países "compreensivelmente" querem o mais rápido possível reabrir suas economias.
— Mas o vírus ainda se dissemina rápido, ainda é mortífero e a maioria das pessoas ainda é suscetível — alertou. — Nós pedimos que todos os países e todas as pessoas exerçam vigilância extrema — disse, citando medidas como o distanciamento físico, que as pessoas doentes não saiam de casa, que protejam a boca ao espirrar ou tossir.
Além disso, voltou a pedir que as pessoas usem máscaras e mantenham a limpeza das mãos. Para os países, pediu que continuem o foco em encontrar, isolar, testar e tratar os casos da doença, além de rastrear os contatos dos doentes e fazer com que eles também passem por uma quarentena.
O diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, afirmou que as Unidades de Terapia Intensiva do Brasil "continuam a dar conta" dos casos da covid-19. Ele alertou, porém, que elas podem ficar pressionadas, diante do avanço da doença em território nacional.
— No geral, elas continuam a dar conta, mas é difícil para qualquer sistema suportar uma contínua alta nos casos, a pressão persistente sobre o sistema — afirmou ele.
Ao mesmo tempo, ele lembrou que a situação no país não é homogênea, comentando que essa é uma questão importante nas grandes nações.
— Temos visto achatamento dos casos em algumas regiões, mas um contínuo aumento em outras do Brasil — afirmou.
Desaceleração no Brasil, aceleração no Sul
Dados indicam que, apesar da queda na taxa nacional de contaminação por coronavírus, o cenário muda conforme a região do país e ainda demonstra indícios de crescimento em áreas como o Sul e o Centro-Oeste.
Na contramão do Norte, Sudeste e Nordeste, que em abril e maio chegaram a saturar os sistemas de saúde locais, essas regiões têm registrado aceleração de internações nas últimas semanas. Neste cenário, os governos do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre estão retomando medidas mais restritivas do distanciamento, na tentativa de frear o aumento de casos de coronavírus.