A ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) específicos para o tratamento de covid-19 mais do que dobrou na rede hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS) em Belo Horizonte desde o início da reabertura do comércio da cidade, em 25 de maio.
Segundo dados da prefeitura, a utilização dos leitos reservados para pacientes com a doença passou de 40%, em 22 de maio, para 82%, conforme relatório mais recente, divulgado na noite de segunda-feira (15).
A elevação nos porcentuais obrigou a prefeitura a implementar plano de contingenciamento para abertura de mais leitos. O número de casos da doença, assim como o porcentual de ocupação em UTIs para covid-19, também dobrou no período.
A rede pública de atendimento na capital mineira registrou ainda alta expressiva na ocupação de leitos de enfermaria específicos para infectados pelo coronavírus, passando de 34% para 63% no período. Belo Horizonte tem 246 leitos de UTI e 688 de enfermaria reservados para covid-19.
A taxa de ocupação total de UTIs e leitos de enfermaria na cidade é de 80% e 70%, respectivamente. Ao todo, são 966 vagas de terapia intensiva na capital e 4.407 leitos na enfermaria.
O aumento na ocupação de UTIs é um dos critérios utilizados pela prefeitura de Belo Horizonte para a reabertura do comércio da cidade. A Secretaria Municipal de Saúde afirma que, pelos números de ocupação de leitos, acionou os hospitais da cidade para negociar a abertura de vagas previstas no plano de contingência. Com a estratégia, segundo a prefeitura, estão previstos para os próximos 30 dias 92 novos leitos de UTI.
Reabertura
No início da reabertura do comércio, Belo Horizonte tinha 1.402 casos de covid-19 e 42 mortos. Na terça, eram 3.412 casos, alta de 143%, e 76 mortos.
A doença avança também no interior de Minas Gerais. Na última quinta-feira (11), o governo estadual foi obrigado a recuar e anunciou o fechamento de salões de beleza, livrarias e papelarias que estavam autorizadas a funcionar desde 27 de maio em cidades da região central do Estado.
O infectologista Dirceu Greco, professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirma que a reabertura da atividade econômica contribuiu de maneira expressiva para o aumento dos casos da covid-19, sobretudo em cidades de maior porte.
— Enquanto nada estava aberto, os trabalhadores, que muitas vezes vivem nas cidades próximas aos grandes centros, ficavam em casa. Ao retomar suas atividades, e com a circulação do vírus, principalmente nos meios de transporte, o número de casos subiu — avaliou.
Minas Gerais, que registra baixos níveis de testagem, e, por isso, pode ter números bem superiores aos oficiais, tem, atualmente, 22.024 casos confirmados de covid-19. O número de mortos é de 502.
— Registramos nos últimos 15, 20 dias, aumento nos óbitos e casos de covid-19. Não é hora de relaxar — afirmou o governador Romeu Zema (Novo), na tarde de terça.
Zema anunciou a compra de 500 respiradores e ainda confirmou que vai abrir 79 leitos de UTI no Interior. O Estado tem 2.964 vagas de terapia intensiva. O governador disse que não pretende, no momento, abrir o hospital de campanha com capacidade para aproximadamente 800 vagas, construído no Expominas, centro de exposições da capital.
— Não é o momento ainda de iniciar. Estamos ampliando o número de leitos de unidades de terapia intensiva. Mas o hospital de campanha está apto a funcionar tão logo seja necessário.