Com objetivo de ofertar testagem em larga escala para regiões afastadas, o Grupo Fleury desenvolveu um teste que faz o diagnóstico de covid-19 por meio da proteína do vírus, o que garante estabilidade de amostras, possibilita mais rapidez no processamento e um custo menor.
Até o momento, os testes disponíveis são feitos utilizando o RNA, que seria equivalente ao DNA do corpo humano. A diferença entre os métodos é que a proteína do vírus é menos sensível ao calor, possibilitando que a amostra retirada de um paciente com suspeita da doença fique em temperatura ambiente por cerca de cinco dias. Nessa técnica, as proteínas são extraídas por partículas magnéticas e digeridas em moléculas menores, os peptídeos. A mistura de peptídeos é submetida a um processo de identificação da proteína. Assim, em caso de resultado positivo para a presença de proteína do vírus na amostra, a suspeita da covid-19 é confirmada.
Já o teste feito com o RNA exige condições de armazenamento com temperatura constante até o momento em que chega ao laboratório. Para realização desse teste, há um processo de extração de RNA e transformação do RNA em DNA. Em seguida, esse DNA é submetido a uma amplificação. Se esse material conseguir ser amplificado, significa que o teste é positivo para covid-19.
Conforme o infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury, Celso Granato, a necessidade de um acondicionamento específico acontece porque o RNA é uma molécula muito frágil do ponto de vista químico. E, se não for mantida nas condições adequadas, a molécula quebra, impossibilitando a análise, o que pode fazer o teste dar negativo. Já a proteína é mais resistente, o que permite mais tempo de exposição à temperatura ambiente.
Segundo Granato, os reagentes necessários para esse novo teste são feitos no Brasil, o que facilita o acesso aos produtos e a fabricação.
— Estamos vivendo uma crise de saúde mundial, usando produtos brasileiros, a chance de faltar reagente pra fazer teste é praticamente nula, e o custo fica cerca de 15% mais baixo em comparação aos outros testes do mercado — explica.
O novo método foi desenvolvido em dois meses. Ele é recomendado para ser feito nos primeiros três a sete dias de sintomas. Em relação ao tempo de espera, o teste da Fleury leva quatros horas para ficar pronto, duas horas a menos, em comparação ao PCR, que leva seis horas para apresentar o resultado.
Assim como o PCR, o teste desenvolvido pela Fleury se vale das amostras retiradas das cavidades nasal e de orofaringe com uma haste de algodão para determinar a presença ou não do vírus. Entretanto, o novo teste ainda possui um nível de detecção do vírus um pouco menor que o PCR.
Segundo Granato, na comparação, enquanto o PCR detecta cem amostras positivas, o Fleury detecta 84.
— Estamos trabalhando pra chegar a um resultado melhor. Em breve, vamos conseguir estender a margem de sensibilidade do exame de 84 para 90. Sabemos, porém, que nenhum teste vai ser mais sensível que o PCR. No entanto, quando falamos de locais com condições precárias de armazenamento ou de territórios do Brasil que não possuem laboratório para analisar as amostras e precisam enviá-las para outras regiões, o teste da Fleury se torna mais preciso, já que ele permite que a proteína do vírus permaneça intacta por cinco dias em temperatura ambiente, enquanto o PCR exige condições precisas de armazenamento. Isso permite um ganho de tempo para fazer a análise, pondera o infectologista.
O teste já está disponível para o uso hospitais, laboratórios e clínicas. O preço fica em torno de R$ 180. O produto, porém, não deverá ser vendido em farmácias. O motivo, segundo o diretor clínico do Grupo Fleury, é que, embora a técnica utilizada para obter as amostras seja simples, não é confortável de ser feita sem ajuda de um especialista, já que a haste precisa alcançar um lugar bem profundo e, além do desconforto, pode causar náuseas.
No Rio Grande do Sul, duas redes de farmácias estão vendendo testes para coronavírus.
O exame disponível detecta a presença de dois tipos de anticorpos: o IgG (que começa a ser produzido pelo organismo cerca de três semanas após o contágio, mostrando se a pessoa teve contato com o vírus) e o IgM (que passa a ser liberado aproximadamente 12 dias depois da infecção, podendo mapear a fase aguda da doença).
Também estão à venda os testes rápidos. Esses, porém, não verificam a carga de vírus, mas a presença de anticorpos. Por ali, sabemos se o organismo está tendo uma resposta contra o vírus, o que só acontece alguns dias após o contato. Ou seja, não adianta sentir sintomas e ir fazer, porque o organismo ainda não produziu anticorpos contra o vírus e o exame acaba não detectando. Para uma segurança maior dos resultados, o ideal é ser testado 10 dias após o início dos sintomas.
A Anvisa alerta que a realização dos testes rápidos é indicada apenas após sete dias do início dos sintomas e que o diagnóstico de covid-19 não pode ser feito por uma avaliação isolada desse tipo de exame. Isso porque, no estágio inicial de contaminação, falsos negativos são comuns devido à ausência ou aos baixos níveis de anticorpos na amostra de sangue. Já o resultado positivo mostra que a pessoa teve contato com o vírus, sendo impossível definir se a infecção está ativa no momento da testagem.
Testes para coronavírus em farmácias do RS
Panvel
Venda de testes sorológicos que detectam anticorpos nas unidades físicas ou pelo site, aplicativo e telefone. A coleta é feita pelo Grupo Exame Laboratórios, em suas unidades (coleta comum de sangue em laboratório)Valor de R$ 169 (IgG) e R$ 259 (IgG e IgM) para clientes Bem Panvel Resultado entre 24 e 48 horas após a coleta Mais informações e a relação de municípios que possuem pontos de coleta em panvel.com/testecovid
Farmácias Associadas
Aplicação de testes rápidos que detectam anticorpos em suas próprias unidades (coleta por picada no dedo).
Unidades e valores
- Gramado - R$ 139,00 (a partir de 10/06)
- São Marcos - R$ 250,00
- Porto Alegre - R$ 150,00 (apenas na unidade do bairro Partenon)
- Alegria - R$ 280,00
- Sobradinho - R$ 249,00