O governo do Estado de São Paulo diz que não há "lockdown no horizonte" para a capital, medida que chegou a ser aventada pela prefeitura, no final de semana.
A adoção de medidas de restrição mais duras que as da quarentena não está nos planos, por ora, pelos seguintes motivos:
- O número de novas mortes e casos é alto, mas há estabilidade
- A adoção do megaferiado na cidade pode ajudar a reforçar essa situação
- A Polícia Militar diz que seria preciso aumentar o efetivo na cidade, talvez dobrar, a fim de que pudesse vigiar a adoção das medidas restritivas de circulação
- O governo estadual estuda a adoção de um megaferiado na região metropolitana de São Paulo, logo depois do feriado paulistano, o que ajudaria a limitar a circulação também na cidade de São Paulo
O governo estadual diz que não há estabilização do número de mortes, mas estabilidade, podendo ou não ser transitória, podendo ou não haver possibilidade de redução do número de óbitos e casos. Tendo em vista esse cenário, em que não há perda de capacidade de conter a doença, segundo o governo estadual, não há perspectiva de adoção do lockdown.
A taxa do crescimento do número de mortes tem diminuído na cidade. Isto é, os novos óbitos registrados a cada dia em relação ao total de óbitos acumulados até o dia anterior têm crescido a uma taxa menor: era em média de 3,1% na semana final de abril, foi de 1,4% na última semana, em maio. O crescimento da soma de mortes confirmadas por covid-19 e de suspeitas de vítimas da doença também baixou, de 4% para 1,1%.
Em termos absolutos, o número de mortes passou de 54, na média da semana final de abril, para 39, nos últimos sete dias, em maio. No caso da soma de mortes e suspeitas, os números passaram de 142 a 61, respectivamente. Trata-se de dados de mortes e suspeitas por dia do óbito, investigadas caso a caso e registradas pelo Pro-Aim, serviço de análise e registro de números e causas de falecimento na cidade.
A prefeitura está mais preocupada do que o Estado. Epidemiologistas dizem também que pode haver um repique da doença devido ao aumento de casos em bairros periféricos e mais pobres de São Paulo.
Ocupação de UTIs preocupa
A preocupação das autoridades municipais se deve ainda ao aumento da ocupação das UTIs. No caso apenas dos leitos de UTI reservados para paciente de covid-19, nos hospitais municipais, a taxa de ocupação era de cerca de 89%. Considerando também os pacientes fora de UTIs mas sob ventilação mecânica, a taxa sobe para 91%, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.
Pelos dados da prefeitura, depreende-se que as contas de taxa de ocupação são baseadas em cerca de 540 leitos, atualmente. A prefeitura diz ter contratado 208 leitos da rede privada e espera contratar outros 130 em breve, chegando a 338 leitos extras. A prefeitura espera ainda comprar pelo menos mais 700 ventiladores pulmonares, que estão em negociação sigilosa, e obter parte dos equipamentos recentemente adquiridos pelo governo estadual, segundo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido.
A estatística diária da taxa de ocupação de UTI da prefeitura não inclui leitos da rede privada nem outros leitos de hospitais estaduais e filantrópicos. Não há, portanto, estatística geral de ocupação de UTI para covid-19 na cidade.
Aparecido explica que a estatística municipal reflete uma avaliação realista e prática dos números de leitos com os quais a cidade pode contar. Leitos e equipamentos de UTI de hospitais estaduais, conta, têm sendo distribuídos a cidades da região metropolitana, em situação mais grave.
Segundo dados obtidos pela reportagem, a taxa de ocupação de leitos de UTI para covid-19 na rede privada estava em 82%, nesta segunda (18). No entanto, o indicador, fornecido por hospitais, é volátil. Na semana passada, superou 90%.