Um estudo do grupo de pesquisa Covid-19 da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) se dedicou a analisar as concentrações populacionais e o processo de interiorização do coronavírus. O trabalho identificou que em áreas do Interior há maior aceleração de casos confirmados, ultrapassando números das regiões metropolitanas da Capital e da Serra.
A observação foi de que a doença se espalhou seguindo redes urbanas integradas: afetou primeiro Porto Alegre e passou, na sequência, para as chamadas capitais regionais e centros sub-regionais. Seguindo esse caminho, de acordo com o trabalho, a próxima etapa de avanço do coronavírus tende a ser nos pequenos municípios. Mas o processo de interiorização do vírus pode ocorrer de forma diferente.
Os pesquisadores da UFPel projetam que no norte gaúcho, com municípios de menor território e áreas rurais mais povoadas e próximas dos núcleos urbanos, a circulação do vírus seja mais rápida. Já no Sul e Campanha, esse avanço promete ser mais lento graças às áreas maiores, com maiores distâncias intermunicipais e áreas rurais menos povoadas.
Saturação do sistema de saúde
A consequência preocupante do estudo é que, caso esse caminho de avanço se confirme, existe a possibilidade de saturação do sistema de saúde. Ao averiguar o número de leitos, a pesquisa destaca que 15 municípios concentram cerca de 77% das vagas, principalmente em Porto Alegre, Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Canoas e Santa Maria.
Acompanhando a tendência de crescimento dos casos confirmados em municípios menores, o grupo de pesquisa realizou uma análise do número de leitos em UTIs adultas no Rio Grande do Sul. Com uma centralização médico-hospitalar junto às maiores populações, apenas 50 municípios têm estruturas com leitos de UTI dos tipos 1, 2 e 3.