Ex-coordenador médico da Unidade Materno-Infantil do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e hoje chefe do Serviço de Obstetrícia do hospital, João Steibel comentou no Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira (9), o possível fechamento do setor materno-infantil e obstetrício da instituição. Segundo o médico, a ação seria "inviável", visto que o hospital é uma referência na área de atendimentos.
— É essa a briga que nós temos. Foi colocado pela administração que a solução é fechar. Sabemos que o prejuízo do hospital como um todo é grande. A direção fez o estudo, mas não nos foi colocado que o problema era o materno-infantil — reforçou Steibel.
Mais cedo nesta segunda-feira, também em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o diretor-técnico do São Lucas, Saulo Bornhorst, afirmou que ainda não existe definição sobre um possível fechamento. Estudos estão sendo feitos, e uma resposta deve ser divulgada em até 60 dias.
Atualmente, 78% dos atendimentos da unidade materno-infantil são feitos via Sistema Único de Saúde (SUS), afirma Steibel. Apenas 22% são convênios. Conforme o médico, um dos problemas seria a questão contratual com o sistema. O local realiza em torno de 200 partos por mês, atuando assim na sua capacidade máxima.
— Temos condições de realizar esses 200 atendimentos e ficamos no teto. O que causa esse problema todo é uma contratualização do SUS que paga um "X" e cobra "2X". Aí não tem jeito — desabafou.
— Nós contratamos 200 partos. Se fizermos menos de 190, somos penalizados. Se fizermos 201, somos penalizados e ainda nos multam. Isso é apenas um dos problemas. Outros são questões de gestão, com certeza — completou.
Uma reunião entre profissionais do São Lucas e reitoria foi realizada ainda na manhã desta segunda. Conforme Steibel, após o término do encontro, houve o "sentimento" de que o fechamento sairia do escopo de possibilidades. A equipe ainda deverá apresentar um plano de redução de custos da unidade.