Uma jovem de 19 anos em Porto Alegre, um homem de 42 em Caxias do Sul, uma mulher de 54 também na Capital e um empresário de 60 em Campo Bom. Os quatro pacientes que tiveram casos confirmados de coronavírus no Rio Grande do Sul são de faixas etárias distintas – e isso representa diferentes tipos de preocupação para cada um deles e seus contatos mais próximos.
Estudos feitos por órgãos como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, país que foi o epicentro da doença, apontam que a letalidade pelo coronavírus progride conforme a faixa etária, atingindo diretamente os mais idosos. A taxa de mortalidade aumenta progressivamente conforme a idade dos pacientes, ficando mais preocupante em pessoas acima dos 70 anos, e especialmente mais crítica nos idosos com mais de 80.
Pelo que se tem de informações sobre a progressão da doença causada pelo coronavírus até agora, homens idosos, pessoas com problemas respiratórios (asma, ex-fumantes) e com doenças crônicas (problemas cardíacos, diabetes, câncer, baixa imunidade) estão mais suscetíveis a manifestações mais graves.
No mundo, considerando todas as faixas etárias, a taxa de letalidade do coronavírus – a quantidade de pessoas mortas em relação ao total de diagnosticadas – é de 3,4%.
Idosos
A primeira grande análise de casos na China apontou que a letalidade do vírus era 10 vezes maior nas pessoas com mais de 80 anos do que naquelas na faixa dos 40. Os números diminuem muito em homens e mulheres com menos de 30 anos, e aumentam consideravelmente – cerca de cinco vezes, na comparação com pessoas da mesma faixa etária – naqueles com importantes doenças preexistentes.
O coronavírus costuma vitimar pessoas que tenham moléstias como diabetes (quem tem a doença corre 8,1 vezes mais risco de morrer em relação a uma pessoa sem problemas crônicos de saúde), hipertensão (6,7 vezes), doenças cardiovasculares (11,7) e doenças respiratórias crônicas (7).
Devido a essas características já identificadas entre as vítimas do coronavírus, acende-se o alerta de que a prioridade no atendimento de saúde deve ser dada para os mais velhos e com doenças associadas, que têm mais riscos de complicações e morte.
— Temos que tentar reduzir não só as chances dessas pessoas pegarem o vírus como, se pegarem, focar naquelas com sintomas de doença mais agressiva. O adoecimento aumenta com o avançar da idade: depois dos 50 anos e, especialmente, a partir dos 80, as pessoas precisam ter atenção especial — define o infectologista Esper Kallás, professor da Universidade de São Paulo (USP).
Crianças
Ao contrário de surtos recentes, como o H1N1, as crianças, outro grupo que costuma estar entre as prioridades nas campanhas de vacinação contra a gripe no Brasil, não estão na lista dos casos mais graves divulgados até agora. As crianças são uma população vulnerável por estarem com a imunidade ainda em desenvolvimento. Porém, no caso do coronavírus, ainda é cedo para apontar se os pequenos estão no grupo de maior risco.
— O coronavírus vem apresentando maior circulação entre pessoas acima de 60 anos de idade. Já o influenza tem pior desfecho em crianças, idosos e gestantes e pessoas com alguma morbidade — aponta o médico infectologista Renato Cassol, coordenador do controle de infecção hospitalar do Hospital Nossa Senhora da Conceição.
Letalidade do coronavírus por faixa etária (em %)
- 0-9 anos = 0
- 10-19 anos = 0,2
- 20-29 anos = 0,2
- 30-39 anos = 0,2
- 40-49 anos = 0,4
- 50-59 anos = 1,3
- 60-69 anos = 3,6
- 70-79 anos = 8
- 80 anos ou mais = 14,8
Fatores de aumento de risco (em vezes)
- Doença cardiovascular = 11,7
- Diabetes = 8,1
- Doença respiratória crônica = 7
- Hipertensão = 6,7
- Ter 80 anos ou mais = 6,4
- Câncer = 6,2
Fontes: Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, Organização Mundial da Saúde (OMS)
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Mapa do coronavírus
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