No pacote de medidas para suavizar os impactos do coronavírus na economia, o governo avalia antecipar a restituição do Imposto de Renda (IR) de pessoa física neste ano. Isso liberaria mais dinheiro à população num período que deve ser de baixa atividade econômica.
Para aliviar o caixa de empresas, está em estudo também o adiamento do prazo para pagamento de alguns tributos.
Ações para conter a expansão do vírus devem reduzir a atividade econômica do país e, consequentemente, a arrecadação federal. A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, tem apresentado ideias para estimular a economia e tentar reduzir os prejuízos a empresas.
Por enquanto, as medidas priorizadas não elevam os gastos públicos previstos para o ano, pois o governo ainda precisará ajustar o orçamento e a meta fiscal deste ano diante do impacto da pandemia, especialmente na queda das receitas.
A proposta de antecipar a restituição do IR é uma tentativa de dar fôlego para a economia a partir de maio, quando está prevista a liberação do primeiro lote de ressarcimento.
Isso seria uma alteração de programação de despesas, sem ampliar a previsão de gastos no ano.
O assunto ainda está em discussão por técnicos do governo. Integrantes da Receita Federal dizem que o órgão já analisa as declarações em velocidade superior ao pagamento das restituições, cujo calendário é definido com base no fluxo de recursos do Tesouro.
Outra mudança de calendário é estudada para aliviar a situação de empresas cujas atividades devem ser fortemente impactadas pelo surto da covid-19.
O Ministério da Economia pediu à Receita Federal um levantamento sobre o adiamento de prazos para pagamento de tributos. A ideia, por ora, é que os patrões paguem os impostos atrasados ainda neste ano para não afetar ainda mais a arrecadação federal.
O governo ainda não bateu o martelo sobre quais tributos podem ser adiados, mas uma possibilidade é a contribuição previdenciária.
Ainda está em estudo se os incentivos serão a alguns setores específicos ou se serão mais amplos. Desde a semana passada, o governo prepara medidas para as empresas aéreas, que sofrem com o cancelamento de voos e queda de demanda.
Técnicos ainda fazem os cálculos para saber quais ações são viáveis diante do cenário de aperto fiscal.
A restrição orçamentária é o principal entrave para a liberação de medidas que minimizem os efeitos da crise. Já está no radar do governo a ideia de pedir ao Congresso autorização para ampliar o rombo fiscal deste ano.
Ainda não está definido se o governo enviará uma nova proposta com o pedido de ampliação da meda, hoje em déficit de R$ 124,1 bilhões, ou se aproveitará um texto que já tramita no Legislativo, com objetivo de agilizar a aprovação.
De qualquer maneira, técnicos da área econômica afirmam que não será possível mudar a meta a tempo de criar uma folga no orçamento até esta sexta-feira (22), quando o governo anunciará um bloqueio de recursos de ministérios.
Vão pesar nas contas a revisão para baixo da projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano e a provável retirada do Orçamento da privatização da Eletrobras.
A eventual criação de novos benefícios tributários ou liberação de novos créditos extraordinários sem compensação impactará as contas do governo e pode pressionar a próxima reavaliação fiscal, prevista para maio.
O governo estuda ainda regras especiais para liberar auxílio doença para trabalhadores contaminados pelo novo coronavírus.
Esse benefício depende de perícia médica. Técnicos querem flexibilizar essa fase para tentar conter a expansão do covid-19, pois a perícia pressupõe contato com pessoas infectadas.
No entanto, há dúvidas se é possível dispensar todos de uma perícia, já que não se sabe se o Ministério da Saúde terá a capacidade de testar todos os casos suspeitos e, portanto, o governo precisaria encontrar uma outra forma de comprovação para conceder o auxílio-doença em caso confirmado de coronavírus.