Secretário nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira concedeu entrevista ao Gaúcha Atualidade, nesta terça-feira (25), para comentar o que vem sendo feito no país com a crescente ameaça do coronavírus. Durante a conversa, o gestor informou que o governo federal pretende ampliar a capacidade de laboratórios na Região Sul para testes de coronavírus, sendo o Rio Grande do Sul uma das "prioridades".
— A preocupação principal é com o inverno. Por isso, estamos fortalecendo unidades locais, criando possibilidades de leitos de UTI para esses casos.
Apesar das medidas de reforço, Oliveira acredita que, pelo fato de o sul do país ter sofrido com milhares de casos do H1N1, em 2009, os serviços "estão melhores preparados do que regiões mais quentes".
Nos últimos dias, a Itália se tornou um novo foco da epidemia, que já causou sete mortes e 224 contaminações no país europeu. A disseminação do vírus gera preocupação a autoridades de países ainda sem infecções, como o Brasil.
Como medida preventiva, o Brasil incluiu nesta segunda-feira (24) Itália, Alemanha e França na lista de alerta para o coronavírus elaborada pelo Ministério da Saúde. Além desses, constam Austrália, Filipinas, Malásia, Irã e Emirados Árabes. Passageiros que chegarem ao Brasil vindos dessas nações e apresentarem sintomas da doença, como febre e tosse, serão considerados suspeitos de estarem infectados.
— Estamos nos organizando para cenários distintos. Não temos casos ainda no Brasil, então estamos seguindo o plano de contingência — afirmou Oliveira.
Conforme o secretário, o plano se organiza em diferentes níveis de risco: o primeiro era quando não havia casos suspeitos no Brasil. Com o aparecimento de possíveis pacientes com a doença, o país subiu para o nível de alerta iminente. Atualmente, o Brasil se encontra no nível de emergência de saúde pública de importância nacional, reconhecendo a declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS).
— Não há mecanismos para impedir a entrada do coronavírus. O Brasil não é uma ilha, é um país global, e a transmissão pode acontecer mesmo sem sintomas. Independente disso, estamos dando orientações nas entradas do país de que a pessoa, se tiver sintomas, procure um médico — salientou.
O secretário nacional salienta que quando uma pessoa com sintomas é identificada ainda no avião, os próprios aeroportos têm protocolos de medidas a serem adotadas, que incluem o encaminhamento a um hospital de referência e um acompanhamento do caso.
Prevenção à gripe
A prevenção contra a gripe vem sendo uma das bandeiras levantadas pelo Ministério da Saúde para evitar que o coronavírus chegue ao Brasil. O Instituto Butantan, fabricante da vacina, tentará entregar o medicamento ainda no começo de março, aponta o chefe da pasta.
— Estamos prevendo começar a campanha (de vacinação) no final de março ou no início de abril. Crianças, gestantes e puérperas são o primeiro grupo. Vamos ampliar a cobertura (para pessoas) a partir de 55 anos. Antes era 60, e todos os grupos, como profissionais de segurança e outros, serão atendidos — explicou.
Sobre a prevenção, Oliveira orientou a população a lavar frequentemente as mãos com água e sabão. A pasta ainda não indica o uso de máscaras, exceto para casos suspeitos e profissionais de saúde que estão atuando.
— É fundamental que as pessoas lavem as mãos, não compartilhem objetos pessoais e cubram o rosto ao espirrar. Se (a pessoa) estiver doente, não vá para o trabalho, para a escola e não viaje. Essas medidas vão proteger não só do coronavírus, mas de todas as doenças respiratórias — reforçou.