Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) eleva para muito alto o risco mundial da epidemia de coronavírus, ainda há dúvidas sobre quais são os grupos reais com maior vulnerabilidade para contrair a doença. Estudo feito pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, com base em dados coletados até 11 de fevereiro, apontou que a letalidade pelo novo coronavírus estava progredindo conforme a faixa etária, atingindo diretamente os mais idosos.
Ao contrário de surtos recentes, como o H1N1, as crianças, outro grupo que costuma estar entre as prioridades nas campanhas de vacinação contra a gripe no Brasil, não estão na lista dos casos mais graves divulgados até agora.
Segundo o médico infectologista Renato Cassol, coordenador do controle de infecção hospitalar do Hospital Nossa Senhora da Conceição, ainda não é possível afirmar que as crianças fazem parte do grupo de risco de contrair coronavírus, pois o vírus vem se mostrando com um padrão diferente de outros surtos recentes de gripe.
— Em termos de dinâmica, pelos dados divulgados, o novo coronavírus tem uma diferença do influenza. O coronavírus vem apresentando maior circulação entre pessoas acima de 60 anos de idade. Já o influenza tem pior desfecho em crianças, idosos e gestantes e pessoas com alguma morbidade — aponta.
Professor de Epidemiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e gerente de risco do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Ricardo Kuchenbecker aponta que as crianças são uma população vulnerável por estarem com a imunidade ainda em desenvolvimento. Porém, no caso do coronavírus ainda é cedo para apontar se os pequenos estão no grupo de maior risco.
— Dos artigos que já foram publicados a partir do surto na China, por alguma razão, as crianças perfazem um número muito pequeno em relação aos adultos e idosos infectados. Ainda não sabemos se é possível as crianças portarem o coronavírus ou desenvolverem infecções subclínicas. No estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, crianças sem os sintomas tiveram coronavírus positivo e alterações nos pulmões identificadas por tomografia — comenta.
Kuchenbecker destaca que todas as informações ainda são iniciais e praticamente provisórias, pois o vírus já sofreu mutação. O especialista não recomenda o uso de máscaras, por não ter evidências que sustentem, mas reforça a necessidade de lavar as mãos várias vezes ao dia.
— Não temos ideia de como este tipo de coronavírus se comportará em clima tropical, pois só temos um caso confirmado até agora no Brasil. Por isso, a rotina das pessoas deve continuar sendo a mesma. Mas alguns cuidados que deveriam ser tomados sempre, como higienizar as mãos, devem ser reforçados ao longo do dia — finaliza.
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