Um novo surto de coronavírus aflige a China desde dezembro de 2019. Estudo feito por pesquisadores do centro de pesquisas na Imperial College de Londres estima que a cidade onde os primeiros casos foram registrados, Wuhan, deve ter cerca de 1.723 casos, contra os 198 informados pelo governo.
Ao todo no país, cerca de 300 casos no país foram confirmados pelo governo chinês.
Os casos estimados são apenas aqueles em que há manifestação de sintomas graves e que requerem hospitalização. Para a pesquisa foram desconsiderados casos leves ou assintomáticos. A estimativa levou em consideração dados obtidos até o dia 12 de janeiro.
O governo chinês tem centralizado a divulgação de informações a respeito dos casos de pneumonia causados pelo vírus. O presidente chinês Xi Jinping determinou que os órgãos governamentais divulguem informações sobre o vírus e contribuam com órgãos internacionais.
Entretanto, relatos de familiares doentes e informações sobre o vírus estar se espalhando foram alvo de censura.
Segundo a emissora estatal, CCTV, pelo menos oito pessoas foram "tratadas de acordo com a lei" devido à compartilhamentos sobre doença em redes sociais, como a Weibo, uma rede social chinesa similar ao Twitter.
Relatos indicam que a polícia chinesa tem obrigado cidadãos a apagarem publicações relacionadas à doença. O estudo realizado pela Imperial College sugere que os casos confirmados pelo governo chinês são baixos demais, de maneira que não seria possível que outros países também tivessem casos da doença sem que uma parcela populacional mais expressiva de Wuhan tivesse sido infectada.
Até esta terça (21), a Tailândia tinha dois casos confirmados, enquanto a Coreia do Sul e o Japão tinham um caso cada. Os Estados Unidos confirmaram nesta terça o primeiro caso no país.
Para chegar a estimativa de 1.723 casos prováveis na cidade de Wuhan, os pesquisadores dividiram o número de casos detectados no exterior pela probabilidade de um caso ser detectado fora do país.
A probabilidade de um caso ser detectado no exterior é calculada por meio da probabilidade diária de uma pessoa viajar para fora do país dividida pelo tempo médio para a detecção de um caso - projetado com base nas medições de variações anteriores do coronavírus.
Com base no resultado, pode-se calcular a probabilidade diária de viagens internacionais de pessoas infectadas. Isso porque este último cálculo leva em conta as viagens realizadas todos os dias de Wuhan para fora da China e fluxo do aeroporto.
O estudo leva em consideração para os cálculos a população de Wuhan como sendo de 19 milhões de habitantes, o intervalo médio entre infecção e detecção do vírus (10 dias), período de incubação (de 8 a 9 dias) e um atraso de 4 a 5 dias entre o surgimento dos sintomas e a hospitalização.
Além disso, adotou-se a quantidade diária de viagens internacionais a partir de Wuhan dos últimos dois meses como sendo 3.301, com dados corrigidos de forma a considerar o ano novo chinês.
Apesar de ter intervalo de confiança de 95%, a pesquisa traz ressalvas, como a suposição de que a duração das viagens de estrangeiros à Wuhan fosse longa o suficiente para que fossem infectados, bem como a suposição de que os infectados manifestariam sintomas e a doença seria identificado fora da China.
Também que não é levada em consideração a possibilidade de menor tempo de exposição ao vírus ter menores chances de contágio.