Uma idosa de 91 anos que apresentava úlceras nas pernas com necrose e corria o risco de ter o membro amputado foi submetida, com sucesso, a um tratamento inovador na Capital na última segunda-feira (23), no Hospital Moinhos de Vento (HMV). A paciente passou por uma aterectomia com equipamento de última geração, capaz de realizar o corte preciso e a remoção de placas de gordura e cálcio nas artérias. Conforme o HMV, o procedimento foi inédito no Sul do Brasil.
— A evolução deste tipo de aterectomia é o menor risco de complicações, pois há remoção imediata do material das artérias, diminuindo o risco de que volte a ocorrer um novo entupimento — explica o responsável pelo procedimento, Alexandre Araújo Pereira, coordenador do Ambulatório de Doenças Arteriais do HMV, que considera a técnica uma revolução para a cirurgia vascular.
Ao contrário da angioplastia com colocação de stents metálicos (pequenas próteses que evitam novas obstruções), que quebra e empurra as placas contra a parede do vaso, este procedimento corta e remove o material orgânico, evitando, em 85% dos casos, o uso dos stents. Isso é importante especialmente em áreas de dobras, como o joelho e a virilha, onde há risco de fratura das ligas metálicas do material.
Para realizar o procedimento na paciente, foi colocado um filtro próximo das placas que foram removidas, para evitar que os dejetos corram pela corrente sanguínea e causem um entupimento. O aterótomo direcional, um mecanismo com uma lâmina na ponta e sistema de sucção, foi conduzido por um cateter até a concentração das placas de cálcio e gordura.
O dispositivo removeu o material indesejado com uma lâmina metálica quatro vezes menos espessa do que um alfinete e o sugou com um mecanismo que realiza 1,2 mil rotações por minuto. O trajeto foi acompanhado pelos médicos por raio-x tirados em tempo real.
– Este tipo de procedimento dura cerca de 40 minutos. Quando o resultado é satisfatório, o paciente recebe alta em até oito horas — explica Pereira.
Veja como foi realizado o procedimento.