Diagnosticado com câncer no trato digestivo na semana passada, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, 39 anos, será submetido a três sessões de quimioterapia. O tumor está localizado na ligação entre esôfago e estômago e, conforme boletim médico divulgado pela prefeitura do município na segunda-feira (28), já há lesões no fígado e nos linfonodos.
De acordo com o oncologista Matheus Ferla, da OncoClínicas Porto Alegre, não existem dados específicos sobre tumores da junção esófago-gástrica. Apenas uma endoscopia pode indicar se o câncer se comporta mais como de esôfago ou mais como de estômago. No caso de Covas, possivelmente, o tratamento será mais focado em estômago.
— Esse tipo de tumor é mais comum em pessoas idosas, no entanto, temos visto muito em indivíduos mais jovens. A gente atribui isso, sobretudo, aos nossos hábitos alimentares, ricos em processados, condimentos e conservantes, e pobres em frutas e verduras — diz o médico.
Dessa forma, a melhor forma de preveni-lo é manter hábitos saudáveis. Os sintomas são parecidos com o refluxo: azia, regurgitação, dores de estômago e sensação de inchaço após comer. Ao contrário do refluxo, os sinais são persistentes. Nesses casos, a orientação é procurar um médico.
Gravidade
As lesões no fígado e nos linfonodos, explica Ferla, indicam metástase, portanto, o tratamento deve ser focado em quimioterapia. O provável esquema de tratamento deve ser intenso e ter inicialmente uma combinação de drogas conhecida como FLOT (fluorouracil mais leucovorina, oxaliplatina e docetaxel). Essa combinação, afirma Ferla, é bastante eficiente, porém apresenta bastante toxicidade.
— Como ele é jovem e pelo que se viu, que ele não tem outros problemas de saúde, pode-se usar protocolo com quatro drogas e toxicidade maior. Esse é um dos protocolos que tem resultados melhores, mas exige mais do paciente — destaca.
Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) previam mais de 13,5 mil novos casos de câncer de estômago em 2018 e cerca de 9,2 mil mortes só entre os homens. Já o câncer de esôfago tinha previsão de mais de 8,2 mil novos casos (no sexo masculino) no ano passado e mais de 6,6 mil mortes em homens.