Bebês de seis meses a 11 meses e 29 dias em todo o país deverão ser vacinados contra o sarampo a partir de quinta-feira. Trata-se de uma medida do Ministério da Saúde, anunciada nesta terça-feira (20), para combater o surto da doença no país. A recomendação da vacinação adicional se deve ao fato deste ser o público com maior potencial de contágio.
Em 2019, foram confirmados 1.845 casos de sarampo em todos os estados, de acordo com dados divulgados nesta tarde pelo Ministério. Os índices indicam uma tendência de redução nos casos: foram 1.008 em julho, ante 197 até 18 de agosto.
Crianças menores de um ano, faixa mais suscetível ao sarampo, correspondem a 14% dos infectados, com 228 casos. A faixa mais atingida é aquela de 20 a 29 anos. São Paulo concentra a maior parte dos casos — espalhados por 74 municípios —, seguido por Rio de Janeiro e Pernambuco.
Não foram confirmados óbitos em decorrência da doença neste ano. Durante todo o ano passado, houve 10.330 registros. A "dose zero" deve atingir 1,4 milhão de crianças, segundo o secretário de vigilância em saúde da pasta, Wanderson de Oliveira, que conduziu uma coletiva sobre o assunto durante à tarde. A dose extra já era recomendada no estado de São Paulo.
— Temos observado uma incidência elevada em menores de 1 ano. É fundamental estabelecermos estratégia diferenciada para essa faixa etária, olhar para as crianças menores de 1 ano com especial atenção — declarou Oliveira.
Ela não substituirá as doses que fazem parte do calendário nacional de vacinação. Ou seja: crianças ainda deverão tomar a tríplice viral aos 12 meses e a tetraviral ou tríplice viral associada à varicela aos 15 meses.
Não se trata de uma campanha de vacinação, mas de uma ação preventiva, segundo o secretário. Por isso, diz, não é preciso haver uma corrida para postos de saúde. Haverá um reforço de mais de 1,6 milhão de doses de vacina para atender ao público.
Brasil perdeu o status de país livre da doença
O secretário atribui o surto da doença à baixa cobertura vacinal, que pode ter sido potencializada por "fake news" sobre vacinação. Ele revelou em junho que o Brasil tem sete das oito principais vacinas infantis com cobertura abaixo da média.
Oliveira também nega que as doses oferecidas fora do calendário oficial sejam mais fracas ou fracionadas. O Ministério orienta ainda aos estados que seja feito um bloqueio vacinal seletivo em todos os contatos do suspeito em até 72 horas.
A pasta irá reforçar ações contra o sarampo nas próximas semanas, o que inclui reuniões com governos locais e especialistas. Em outubro, será realizada uma campanha nacional de multivacinação.
Em março, após um ano sem conseguir interromper a transmissão do sarampo, o Brasil perdeu o status de país livre da doença. O reconhecimento havia sido concedido pela Organização Panamericana de Saúde (Opas) em 2016.
O sarampo é uma doença grave e contagiosa que pode ser transmitida por meio do contato direto com a secreção da pessoa infectada ou pelo ar. Febre alta, tosse, coriza, manchas avermelhadas na pele e manchas brancas no interior das bochechas são alguns dos sintomas.