Autorizado para fins medicinais no Brasil desde 2015, o canabidiol, substância extraída da maconha sem efeitos psicoativos, tem sido alvo de diversos estudos a respeito da sua utilização terapêutica. Pesquisador do composto há mais de 30 anos, o gaúcho Francisco Silveira Guimarães liderou um estudo que mostrou que o canabidiol reduz a agressividade. O texto foi publicado no periódico Progress in Neuro-Psychopharmacology and Biological Psychiatry.
De acordo com professor de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), a substância já era conhecida por facilitar a neurotransmissão de serotonina, bastante associada à depressão e agressão. Para aprofundar a questão, foram feitos testes usando ratos em um modelo de agressão social chamado residência-intruso.
— Basicamente, você tem um animal deixado em um ambiente no qual ele se acha "dono do pedaço". Quando outro é colocado junto, o residente tende a agredi-lo — explicou Guimarães.
Durante o experimento, foram usadas diferentes doses de canabidiol nos residentes e foi evidenciado que a substância reduziu a agressividade dos animais. Embora o pesquisador não veja a descoberta como um caminho para reduzir a agressão em si, ele acredita que o canabidiol pode ser útil no controle das manifestações psiquiátricas que incluem esse comportamento.
— Ele não vai curar a demência, por exemplo. Mas pode ajudar alguns pacientes com demência que se tornam agressivos. Às vezes, crianças com autismo podem ser agressivas, nesse sentido, talvez a substância possa ser útil agregando esse efeito — pondera.