O número de mortes de crianças no Brasil caiu após o aperto na legislação antifumo, revelou um estudo publicado nesta sexta-feira (31), data escolhida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o Dia Mundial Sem Tabaco. O levantamento, publicado no jornal Tobacco Control, analisou dados entre os anos 2000 e 2016. Realizado por pesquisadores do Imperial College London, do Reino Unido, Instituto Nacional de Câncer (Inca) e Erasmus Medical Centre, da Holanda, o relatório sinaliza que o fortalecimento das regras contra o cigarro no país evitou a morte de mais de 15 mil crianças menores de um ano.
Em 2014, a legislação ficou mais rigorosa: o consumo de cigarro foi proibido em áreas públicas parcialmente ou completamente fechadas, como bares e restaurantes. A medida, conforme o estudo, resultou em uma redução de 5,2% da mortalidade infantil e de 3,4% de mortalidade neonatal.
De acordo com os pesquisadores, o impacto nas mortes infantis se deve à redução dos problemas de saúde ligados à exposição à fumaça ou ao fumo durante a gestação, como a síndrome da morte súbita infantil e infecções respiratórias. Thomas Hone, da School of Public Health do Imperial College London, que e líder do estudo, disse:
— Pode-se ver pelo exemplo brasileiro a diferença que podemos fazer para a saúde das crianças banindo completamente o cigarro em áreas públicas. Infelizmente, a maioria das pessoas do mundo ainda não estão cobertas por proibições abrangentes antifumo. É chocante que tantos bebês e crianças estejam sendo prejudicados pelo fumo passivo quando uma medida relativamente simples pode ajudar a evitar esses danos.
Andre Szklo, do Inca, acrescentou a importância de os governos ampliarem as políticas antifumo como forma de proteger os pequenos.
— As crianças têm o direito de estarem protegidas contra os prejuízos causados pelo tabagismo.
Foram analisados os dados de todos os municípios brasileiros.