Por Luiz Carlos Corrêa da Silva, pneumologista e médico da Santa Casa de Porto Alegre
Nas últimas décadas, reduziu o índice de tabagismo de 35% para 11%, entre adultos brasileiros. Isto se deve às leis antifumo e à divulgação de informações que levaram a mudanças comportamentais da sociedade. Tratamento ajuda quem adere a programas qualificados. Também, ocorre redução do índice de tabagismo em países desenvolvidos, menos acentuada que no Brasil. Isto é motivo de orgulho.
A queda do tabagismo deve-se às diversas medidas adotadas pelos governos, entre elas, proibição de fumar em ambientes fechados, propaganda ostensiva e uso de aditivos que conferem aroma e paladar delicados ao danoso tabaco, aumento de preços, padronização das embalagens.
Mas, ainda acontecem algumas situações indevidas que dificultam o maior sucesso do controle deste grande fator de risco para a saúde e que ainda causa mais de 6 milhões de mortes anualmente, no mundo. Uma das mais graves é o acesso de menores de idade para obtenção de cigarros, seja por aquisição no comércio ou pela irresponsabilidade de adultos que facilitam o uso. O INCA (Instituto Nacional do Câncer) recentemente constatou que mais de 80% dos menores que decidem comprar cigarros não encontram o menor obstáculo para fazê-lo.
Os pontos de venda de cigarros, geralmente localizados nas cercanias das escolas, expõem as carteiras, coloridas e atraentes, juntamente com produtos que jovens costumam consumir como balas, doces, chocolates e revistas. Isto facilita a venda de cigarros para menores. Só interessa o lucro! “Se vai ficar viciado e ter doenças graves, não é da nossa conta”, diz a indústria do tabaco.
O problema dos jovens no que se refere ao consumo de drogas (no caso, a nicotina) é multifatorial, tudo começando na família que precisa ser mais presente e influenciar positivamente seu desenvolvimento. Acompanhar de perto suas necessidades e seus relacionamentos. Endurecer a disciplina quando necessário, e cortar a mesada no momento certo. Na escola, é preciso mais atenção do educador, pois embora sua missão seja ensinar, não pode esquecer que o processo de formação dos jovens exige muito mais que isso.
O exemplo sempre será o melhor discurso. Cada um desempenhando seu papel – indivíduo, família, grupo e sociedade como um todo. O governo precisa normatizar, fiscalizar e penalizar infratores.