Dez crianças, entre dois e sete anos, tiveram diagnosticados casos de toxoplasmose em Lagoa Vermelha, município de 27 mil habitantes no norte gaúcho, segundo a prefeitura. Nove delas estudam ou estudaram no mesmo local: a Escola Estadual de Ensino Fundamental Duque de Caxias, que tem 450 alunos contando com o prédio anexo da creche administrada pelo município. As autoridades estão engajadas para investigar as causas da doença.
Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) nega que se trate de um surto da doença, "não foi possível estabelecer uma relação temporal entre eles (data de início dos sintomas), sendo, inclusive, alguns casos assintomáticos (sem sintomas) e outros de até 5 meses atrás". Ainda conforme o órgão estadual, os registros de toxoplasmose no município limitam-se a sete casos. A nota da SES diz ainda que " segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde, foi realizada a inspeção sanitária da escola e as condições do ambiente estavam em conformidade".
De acordo com o prefeito de Lagoa Vermelha, Gustavo Bonotto, em um primeiro momento as energias estão concentradas em duas frentes de trabalho: a assistência às crianças que estão com a doença identificada e em uma investigação profunda para descobrir o que está causando a toxoplasmose nas crianças. Pais de alunos também são orientados a observar os sistemas da doença nas crianças: febre, cansaço e mal-estar. De acordo com Bonotto, testes estão sendo feito em outras crianças da escola Duque de Caxias e também no município.
— Lógico que inspira preocupação, mas todas as medidas para evitar um alastramento dessa doença e para prestar assistência estão sendo tomadas. Existe certa insegurança, que será justificada ou não quando houver os testes nas demais crianças dessa e das outras escolas. O que nos preocupa é o foco de contágio comum (escola) — detalha o prefeito.
O primeiro caso foi reportado à direção da escola Duque de Caxias no dia 4 de abril. Segundo a diretora, Lucélia Sguarizi, a mãe de um aluno a procurou relatando que sua filha teve a doença confirmada por um pediatra. Nos dias seguintes, uma segunda mãe a procurou também confirmando a doença.
A diretora decidiu comunicar a Secretaria da Saúde, que repassou orientações de como proceder com as concentrações de doenças na instituição. Entre as recomendações, está a de não dar mais água da torneira para as crianças. A prefeitura está pagando bombonas de água mineral e amostras d'água da caixa da escola e da torneira foram recolhidas para análise.
Uma outra medida orientada pela Secretaria da Saúde ao município é retirar uma caixa de areia em que as crianças brincavam na escola. Havia a preocupação de que o local estivesse contaminado. A diretor diz, no entanto, que o objeto foi retirado ainda antes de o primeiro caso ter sido confirmado.
Corsan defende qualidade da água
Procurada por GaúchaZH, a Corsan afirmou que discorda da recomendação de que água tratada pela companhia não seja disponibilizada aos estudantes. O diretor de operações, Eduardo Carvalho, garante que a água é de qualidade.
— É uma água permanentemente tratada, permanentemente filtrada e permanentemente desinfectada. Portanto, uma água segura e de qualidade comprovada para o consumo. Recomendações podem ser as mais variadas, agora a Corsan se posiciona exatamente no sentido de que sua água seja consumida. Águas de fontes alternativas não têm o mesmo rigor e tratamento — rebateu.
Confira na íntegra a nota da Secretaria da Saúde:
"A análise dos dados obtidos não evidencia a ocorrência de surto na Escola Duque de Caxias, no município de Lagoa Vermelha/RS. Isso porque não foi possível estabelecer uma relação temporal entre eles (data de início dos sintomas), sendo, inclusive, alguns casos assintomáticos (sem sintomas) e outros de até 5 meses atrás.
Também, não foi possível correlacionar os casos com uma provável fonte comum de infecção. Após o relato destes casos de toxoplasmose, não houve informação de novos casos da doença nesta instituição. E nenhuma criança apresenta, neste momento, sintomas (todos eram casos passados).
As medidas de promoção e prevenção recomendadas neste caso já foram adotadas pela instituição de ensino: limpeza e desinfecção da caixa d’água e remoção da caixa de areia da área externa da escola.
Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde, foi realizada a inspeção sanitária da escola e as condições do ambiente estavam em conformidade."