O Ministério da Saúde confirmou nesta terça-feira (19) que encaminhou à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) o registro de um caso de sarampo endêmico, ou seja, contraído dentro do território nacional, em fevereiro, no Pará. Com isso, o ministério afirma que o país perderá a certificação de nação livre da doença.
O critério adotado pela Opas para a perda do certificado é que o surto se mantenha por um período superior a 12 meses. Representantes da organização internacional já haviam alertado para o risco de o país perder o status de nação livre, após os primeiros casos da doença terem sido confirmados no início de 2018. Com o registro de fevereiro, completa-se o ciclo de pelo menos um ano.
De acordo com comunicado do Ministério, o governo brasileiro iniciará um plano para retomar o título dentro dos próximos 12 meses. Entre as ações previstas estão o reforço na exigência de comprovação da vacinação por parte da população e campanhas de divulgação da importância da imunização. Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, é preciso elevar as taxas de cobertura vacinal.
— Nosso plano consiste em encaminhar medidas importantes ao Congresso Nacional, como a exigência do certificado de vacinação, não impeditiva, de ingresso na escola e no serviço militar. Reforçaremos, ainda, o monitoramento da vacinação, por meio dos programas de integração de renda e como norma para os trabalhadores de saúde — afirmou o ministro.
De acordo com o ministério, até 19 de março foram confirmados laboratorialmente 48 casos de sarampo no Brasil. Destes, 20 (42% do total) estão relacionados a casos importados e 28 (58%), a casos endêmicos, sendo no Pará e cinco no Amazonas.
A doença
O sarampo é uma doença infecciosa, grave e contagiosa, causada por um vírus. Seus sintomas são manchas avermelhadas na pele, manchas brancas na parte de dentro das bochechas, febre alta (acima de 38,5°C), tosse, coriza e conjuntivite. É transmitida pelo contato direto com a secreção do doente (ao espirrar, tossir ou falar), pela mão (tocando objetos infectados e depois levando-a à boca ou nariz) e pelo ar, em ambientes fechados como escolas, creches e clínicas.
A única maneira de se prevenir o sarampo é com vacinação. A vacina disponibilizada nos postos é a Tríplice Viral, que protege também contra a rubéola e a caxumba.
Sarampo no mundo
Em fevereiro deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta para o grande aumento no número de casos de sarampo registrados no mundo no ano passado em relação a 2017, passando de 170 mil afetados para quase 229 mil, um crescimento de 50%. A entidade lamentou as informações falsas sobre efeitos colaterais da vacina, sobretudo em países ricos.