A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta, nesta quinta-feira (14), para o grande aumento no número de casos de sarampo registrados no mundo no ano passado em relação a 2017, passando de 170 mil afetados para quase 229 mil, um crescimento de 50%.
— Quando vemos os casos registrados aumentarem em 50%, sabemos que estamos no caminho errado — declarou Katherine O'Brien, diretora do departamento de vacinas e produtos biológicos da OMS. — Nossos dados mostram que há um aumento substancial (no número) de casos de sarampo. Constatamos isso em todas as regiões. Observamos epidemias que se prolongam e se ampliam — acrescentou.
Os números podem ser ainda maiores, uma vez que os países têm até abril para anunciar os casos registrados em 2018.
O sarampo é uma doença grave e muito contagiosa, que pode ser evitada com a ajuda de duas doses de uma vacina "segura e eficaz", segundo a OMS. A entidade lamenta as informações falsas sobre efeitos colaterais da vacina, sobretudo em países ricos.
— Todas as regiões registraram um aumento de casos no ano passado — indicou Katrina Kretsinger, responsável médica do Programa ampliado de vacinação da OMS, e citou as epidemias na Ucrânia, Madagascar, República Democrática do Congo, Chade e Serra Leoa. — Na região Europa, 83 mil casos foram registrados em 2018, dos quais 53 mil na Ucrânia — acrescentou.
Em Madagascar, dezenas de milhares de pessoas estão afetadas pela epidemia. A OMS alerta que, "de outubro de 2018 a 12 de fevereiro, um total de 66.278 casos e 922 mortes foram reportados". O levantamento, diz a entidade, pode estar subnotificado uma vez que há casos não comunicados ao governo.
O plano de vacinação contra o sarampo em Madagascar consistia em uma única dose de vacina, quando a OMS recomenda duas, pois a primeira nem sempre funciona. No futuro, Madagascar espera aplicar uma vacinação com duas doses.
— Retrocedemos com relação aos avanços realizados e não retrocedemos porque carecemos dos instrumentos para impedi-lo. Temos os instrumentos para evitar o sarampo. Retrocedemos porque não conseguimos vacinar as crianças, principalmente as mais pobres —destacou Katherine.