Após trégua, a dengue voltou a avançar neste ano em diferentes regiões do país. Dados de um novo boletim do Ministério da Saúde, divulgado nesta segunda-feira (25), contabiliza 229.064 casos até 16 de março.
Para comparação, no mesmo período do ano passado, foram 62,9 mil casos, o que representa um crescimento de 264%.
O total de casos neste ano, porém, ainda é menor em comparação ao último em que houve epidemia da doença – caso de 2016 quando houve 857.344 registros apenas de janeiro a março.
Ainda assim, o alto número de casos de dengue tem preocupado autoridades de saúde. A avaliação é que, após quase três anos com casos em queda, equipes de saúde podem ser pegas de surpresa pelo novo avanço da doença, cujo diagnóstico rápido é fundamental para evitar o agravamento dos casos.
— O Brasil vem de dois anos seguidos com baixa ocorrência de dengue, portanto é necessário que os profissionais de saúde estejam atentos a esse aumento de casos. Quanto mais cedo o paciente for diagnosticado e der início ao tratamento, menor o risco de agravamento da doença e de evoluir para óbito — afirma o secretário de vigilância em saúde do ministério, Wanderson Oliveira.
Somente neste ano, já foram confirmadas 62 mortes, um aumento de 67% em comparação ao mesmo período de 2018. Atualmente, a taxa de incidência de dengue no país é de 109 casos a cada 100 mil habitantes.
Os dados apontam que o número de casos no Rio Grande do Sul teve um aumento de 170% em comparação com o mesmo período do ano passado. Até o dia 16 de março deste ano, o Estado notificou 149 ocorrências da doença. No mesmo período de 2018, foram 55. A incidência é de 1,3 por 100 mil habitantes. Apesar do aumento, não foram registrados óbitos em decorrência da doença neste ano.
Em nota, o ministério informa que, apesar do aumento expressivo nos registros, a situação ainda não é considerada uma epidemia.
Sete estados, porém, apresentam situação considerada mais preocupante por terem incidência da doença superior à taxa nacional. São eles: Tocantins, Acre, Mato Grosso do Sul e Goiás, estados que apresentam taxas acima de 300 casos a cada 100 mil habitantes, e Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal, com taxas que vão de 116 a 261 casos a cada 100 mil habitantes.
De acordo com Oliveira, o avanço da doença pode ser explicado por vários fatores, em especial pela maior circulação do subtipo dois do vírus da dengue -entre quatro possíveis.
Nos últimos anos, os subtipos com predominância em circulação foram os tipos quatro e um, o que indica a possibilidade de pessoas suscetíveis ao vírus atualmente em circulação.
No último ano, levantamento feito por prefeituras já apontava aumento no número de cidades com alta infestação do mosquito Aedes aegypti. A chegada do verão, com calor e chuvas, torna o clima favorável à reprodução do mosquito transmissor.