Crianças que não apresentarem a "marquinha" de cicatriz vacinal após receberem uma dose da vacina BCG, que protege contra tuberculose, não precisam ser revacinadas.
A medida consta de uma nova recomendação do Ministério da Saúde divulgada nesta terça-feira (5) e encaminhada na última semana aos Estados e municípios que coordenam serviços de vacinação no país.
A presença ou não da "marquinha" que fica no braço após a vacinação contra a BCG – e que medidas adotar diante da ausência dela – era uma velha dúvida dos pais.
Em geral, a cicatriz costuma aparecer em até seis meses após a aplicação. Em alguns casos, porém, a criança pode ficar com uma cicatriz discreta ou inaparente.
Até então, a recomendação era que crianças que não apresentassem a cicatriz procurassem um profissional de saúde experiente para examinar o local. Em caso de suspeita de falha vacinal, a orientação era que uma nova dose fosse aplicada seis meses após a primeira.
— A BCG é uma vacina de bactéria viva atenuada, e que quando aplicamos, faz uma reação local, variável de criança para criança. O critério que havia era que qualquer marca visível era adequado (para indicar a proteção), e quem não apresentasse nenhuma marca seria revacinada — explica Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim)
Agora, porém, essa revacinação não será mais necessária. Segundo o ministério, a nova recomendação ocorre após estudos comprovarem a eficácia da vacina também em crianças que não ficam com a cicatriz.
— Seguimos a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) com relação a BCG porque a ausência da cicatriz vacinal não significa que a criança não está protegida contra a doença — afirmou por meio de nota a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues.
A decisão foi tomada no ano passado, após a OMS publicar os resultados dos estudos e a nova orientação aos países.
Segundo Cunha, da Sbim, entidade que faz parte do grupo que analisou as mudanças na recomendação, as análises mostraram que as crianças que não apresentavam a cicatriz se mostraram protegidas. Outro fator que fez retirar a necessidade de nova dose foi o risco de reações adversas, maiores com a segunda dose, informa.
Vacinação
Disponível no SUS, a vacina contra tuberculose deve ser dada às crianças após o nascimento, ainda nas maternidades, ou na primeira visita aos serviços de saúde.
A orientação é que a vacinação ocorra o mais precocemente possível. Caso isso não seja possível, a vacina está disponível nos serviços de saúde até os cinco anos.
Atualmente, a BCG é uma das que possuem maior adesão por ser aplicada em maternidades. Ainda assim, a tendência de queda na vacinação entre crianças no país preocupa. Em 2017, a taxa de vacinação de crianças no país atingiu o menor índice em 16 anos.
Em 2017, a taxa de cobertura vacinal da BCG em menores de um ano foi de 96,2%. Em 2018, dados preliminares apontam cobertura de 87,5% -o número, porém, ainda pode crescer, já que os municípios têm até abril para enviar os dados.