A coceira e a dor nas costas da empresária Rosane (nome fictício), 29 anos, apareceram de repente, dois ou três dias antes de as lesões na pele — sintoma mais conhecido da herpes-zóster — se tornarem visíveis. Ao receber o diagnóstico, o susto foi inevitável.
— A doença ainda é pouco conhecida e mal interpretada. As feridas são realmente muito feias e existe um preconceito velado em relação a essa infecção. Quando falava que estava com o problema, algumas pessoas me olhavam com receio — relata Rosane.
Conhecida por leigos como cobreiro, a herpes-zóster é uma doença oportunista. Resultado da reativação do vírus varicela-zóster, causador da popular catapora, é bem mais grave do que as pequenas lesões provocadas pelo herpes simplex, aquelas pequenas bolhas que afetam as mucosas na herpes mais comum.
Depois de causar a infestação da catapora, o varicela-zóster é disseminado por meio do fluxo sanguíneo e permanece adormecido nas raízes nervosas da medula espinhal ou do crânio. Anos mais tarde, em um momento de baixa da imunidade, ele ataca novamente o organismo.
O médico infectologista Tarquino Gavilanes Sanchez explica que a herpes-zóster é mais comum em pessoas acima dos 50 anos. Quanto mais velho é o paciente, mais grave costuma ser a manifestação dos sintomas, mas jovens e adolescentes também são vítimas. Além disso, o problema é mais frequente em pacientes imunodeprimidos.
— Ela é uma das primeiras infecções que afetam indivíduos com o vírus da aids. Por isso, o preconceito — avalia Sanchez, ressaltando que a herpes-zóster não é exclusividade deles.
A dor intensa compromete áreas como os ombros, as regiões cervical, torácica e lombossacra ou o rosto e é entendida pelos médicos como um aviso da doença. Alguns doentes também relatam mal-estar, arrepios, febre, náuseas e diarreia antes que as lesões agrupadas se formem na derme. Elas podem deixar cicatrizes na pele, mas são as complicações decorrentes da infecção que mais preocupam os especialistas.