A menina Bianca, de um ano e sete meses, que, mesmo viva, foi atestada como morta quando nasceu,em Santa Maria, na Região Central, chegou ao Hospital da Criança Santo Antônio, em Porto Alegre, para realizar uma cirurgia de urgência, conforme uma decisão da Justiça Federal do Rio Grande do Sul. Filha do casal Marcos Renato dos Santos Cézar, 31 anos, e Tieli Martins, 32 anos, Bianca nasceu em fevereiro do ano passado no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). Desde lá, ela já foi internada nove vezes e realizou 15 cirurgias devido a sequelas no cérebro e no sistema cardiovascular.
Ainda nesta madrugada (21), um despacho da Justiça Federal, assinado pelo juiz João Batista Brito Osório, garantiu o transporte e a remoção da criança para Porto Alegre. No documento, ele alegou que, diante da grave situação, determinou que a servidora de plantão contatasse hospitais aptos a realizarem o procedimento, mas que nenhum informou a possibilidade de internação da criança. No despacho de três páginas, o juiz acrescenta que, frente “à gravíssima situação”, procurou o médico cardiologista Fernando Lucchese, chefe do serviço de cirurgia cardíaca do Complexo Santa Casa, do qual faz parte o Hospital da Criança Santo Antônio. O médico atendeu o pedido e informou que abriria a vaga em UTI pediátrica a partir das 8h30min desta sexta. Bianca será submetida a uma cirurgia vascular, o que não é oferecido pelo Husm.
Atestado de óbito
De acordo com os familiares, os médicos atestaram que a criança nasceu sem vida depois de uma cesariana de emergência. O atestado de óbito chegou a ser feito, informando que o bebê havia sofrido óbito fetal, sofrimento fetal agudo, deslocamento prematuro de placenta e hipertensão gestacional. Os familiares contam que a menina foi levada pela equipe do hospital e, seis horas depois, uma médica chamou a família para dizer que a criança poderia estar viva. O HUSM diz que o bebê nasceu em parada cardiorrespiratória e que foram feitas todas as manobras de reanimação, com tempo até maior do que o recomendado, e no momento a criança não reagiu, o que motivou a constatação do óbito fetal. A criança, então, foi levada para uma sala anexa ao bloco cirúrgico e horas depois voltou a apresentar sinais vitais. Imediatamente, foi encaminhada para a UTI neonatal.
A família entrou com um processo contra o hospital e a Polícia Federal está investigando o caso. O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) abrirá uma sindicância pra investigar o fato.