Bastante procurados para melhorar a aparência do sorriso, os aparelhos ortodônticos não servem só para isso: eles são de extrema importância para tratar e corrigir alterações que prejudicam a qualidade de vida dos pacientes.
Com uma gama extensa de possibilidades de tratamentos e diferentes tecnologias, os aparelhos ortodônticos se dividem, basicamente, em duas grandes categorias: fixos e móveis. Os primeiros podem ser indicados tanto para tratar diastemas (espaçamento entre os dentes) e apinhamentos dentais quanto para corrigir a mordida cruzada — problema que pode acarretar um desgaste maior dos dentes, danos articulares e dores. Já os móveis podem ser mais recomendados nas dentições deciduais (dentes de leite) mistas, aquelas em que há transição entre os dentes de leite e os permanentes.
— Usamos a ortodontia interceptativa por meio de aparelhos móveis durante a erupção dentária, buscando movimentações que otimizem essa fase. Também podemos indicar esse tipo de intervenção para o reposicionamento incipiente da dentição permanente, fazendo movimentos que visem prevenir possíveis má oclusões — explica o cirurgião-dentista Dyego Matielo.
Com a ajuda de Matielo e da professora da Escola de Ciências da Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Luciane Macedo de Menezes, tiramos algumas dúvidas sobre o tema. Confira a seguir.
O que os aparelhos ortodônticos podem tratar?
Segundo Matielo, as queixas mais comuns dos pacientes estão relacionadas à estética. Contudo, os tratamentos ortodônticos têm como objetivo otimizar a posição dos dentes, beneficiando a mordida e até mesmo a higienização ao corrigir diastemas e os apinhamentos.
— Quando estão os dentes estão apinhados, pode haver dificuldade de higienização, favorecendo doenças periodontais da gengiva ou no osso — destaca Luciane.
A partir de que idade pode-se ter indicação para uso de aparelho?
Matielo afirma que a indicação por faixa etária é relativa, no entanto, as versões fixas podem ser recomendadas a partir da formação completa da dentição permanente, por volta dos 12 anos.
— Antes disso, há outros tipos de intervenção — salienta o cirurgião-dentista.
Entre os adultos, o uso pode ser indicado em qualquer idade.
Quais são os indicativos de que uma criança deve usar aparelho?
Luciane recomenda que as crianças iniciem as visitas ao dentista cedo para fazer este tipo de avaliação. Se isso não ocorrer, a orientação é de que pelo menos por volta dos sete anos os pais procurem um especialista para avaliar a oclusão dos dentes.
Quais são os tipos de aparelhos fixos disponíveis no mercado hoje?
Fixos metálicos:
São os convencionais, que usam fio e bráquete metálico (elemento que é colado no dente) com as borrachas (que podem ser trocadas). O fio é fixado na parte metálica pelas borrachas.
Autoligado metálico:
Elimina as borrachas e, portanto, reduz o atrito entre o fio e o bráquete. Dessa forma, o tratamento é mais curto.
Bráquetes estéticos:
O bráquete colado no dente não é metálico, mas sim de cerâmica ou safira. Podem ser usados tanto com a borracha ou autoligados.
Lingual:
Os bráquetes são colados na parte interna dos dentes. Embora favoreçam a estética, podem atrapalhar a fala e a higienização.
Alinhadores:
Feitos de material plástico, eles são moldados na boca do paciente e desenhados por meio de um software de planejamento que escaneia a arcada dentária. Tem como principais vantagens a redução no tempo de tratamento e a facilidade de higienização, pois podem ser retirados para comer e limpar os dentes. Precisam ser usados por 22 horas diárias.
Quanto tempo dura o tratamento?
Embora dependa de cada caso a ser tratado, Matielo diz que o aparelho convencional é o mais demorado, com tratamento podendo atingir os 36 meses. Já as versões autoligadas reduzem em 30% este tempo, de acordo com o cirurgião-dentista. Os com menor duração são os alinhadores, que diminuem em 70% o tempo de tratamento na comparação com os convencionais.
Dói?
Como o intuito dos aparelhos é promover a movimentação dos dentes, é difícil escapar de alguns incômodos.
— A cada consulta é feita uma ativação do aparelho, seja com troca dos fios ou dos elásticos, para movimentar os dentes. Isso vai fazer um estímulo doloroso — diz Matielo.
O que considerar na hora de escolher o aparelho?
O cirurgião-dentista afirma que todos os tipos de aparelho são capazes de resolver qualquer caso. A partir das indicações e das limitações apontadas pelo ortodontista, o paciente deve pensar nos seguintes fatores na hora da escolha: preferência pessoal, custo, tempo de tratamento e conforto.
Que cuidados são importantes ao colocar o aparelho?
Manter a higiene tanto dos aparelhos quanto dos dentes é fundamental: escovação e uso de fio dental devem seguir a rotina habitual. Além disso, é necessário visitar o dentista ao menos uma vez por mês para manutenção do aparelho.
Há alguma contraindicação?
Luciane garante que há poucas contraindicações. Alérgicos aos componentes do aparelho, embora raros, podem ser desaconselhados a utilizá-los.
— Pessoas com problemas periodontais também precisam de uma boa avaliação — diz a professora da PUCRS.