O presidente americano, Donald Trump, defendeu na segunda-feira (9) o uso de fórmulas infantis, depois que uma reportagem acusou os Estados Unidos de tentarem atenuar uma resolução da Organização Mundial de Saúde (OMS), favorável ao aleitamento materno.
Publicada pelo jornal The New York Times, a reportagem diz que os representantes americanos, em uma reunião anual da OMS em Genebra no mês de maio, tentaram eliminar um trecho da resolução sobre alimentação de bebês e crianças pequenas.
O trecho convidava os Estados-membros a "proteger, promover e apoiar" o aleitamento materno. Os americanos teriam feito pressão sobre o Equador a fim de que o país deixasse de propor a resolução. Caso os equatorianos tivessem renunciado, a Rússia teria sugerido uma resolução parecida com a de Quito. A frase foi finalmente aprovada e figura em um documento disponível na internet.
"O artigo do New York Times sobre o aleitamento deve ser denunciado. Os Estados Unidos apoiam profundamente o aleitamento, mas nós pensamos que as mulheres não devem ser impedidas de usar fórmulas. Muitas mulheres precisam dessa opção, devido à desnutrição e à pobreza", escreveu Donald Trump em sua conta no Twitter.
O Departamento de Estado americano qualificou como "falsa" a ideia de que Washington teria ameaçado um país parceiro. Entretanto, um representante diplomático concordou que os EUA estimam que "a resolução, tal como está redigida, convocava os Estados a colocar obstáculos para as mães que gostariam de alimentar seus filhos".
"Nem todas as mães podem amamentar por várias razões", adicionou esse representante.
O Equador, por sua vez, diz ter lutado para que a resolução fosse aprovada.
— Nós nunca sucumbimos aos interesses particulares ou comerciais, nem a nenhum outro tipo de pressão — declarou a ministra da Saúde, Veronica Espinosa.
Conforme o próprio NYT, entidades de saúde dos Estados Unidos são claras ao defender o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida do bebê.
A American Academy of Pediatrics classifica o leite materno como padrão normativo. Quem também defendeu o aleitamento foi o diretor-executivo do American Public Health Association, Georges C. Benjamin:
— A amamentação é uma das intervenções com melhor custo-benefício para melhorar a saúde materna e do bebê.
A OMS incentiva o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida do bebê, e o parcial quando a criança tem entre seis meses e dois anos ou mais, especialmente em países pobres, onde as mulheres amamentam mais frequentemente e durante mais tempo que em países desenvolvidos.
Em 2015, o mercado das fórmulas infantis foi avaliado em US$ 47 bilhões, segundo Euromonitor International. Ele é dominado por alguns grupos, principalmente americanos, e está em forte crescimento.