Além da música e da fama, Janis Joplin, Kurt Cobain e Cory Monteith tinham em comum outro aspecto: a relação com a heroína. Classificada como um opioide, a droga também pode estar por trás da internação da cantora pop Demi Lovato, de 25 anos. Na terça-feira (24), ela foi hospitalizada em Los Angeles por uma overdose que, embora ainda não haja confirmação, pode ter sido da substância. Mas afinal, por que a heroína é tão perigosa?
De acordo com a médica psiquiatra Fernanda de Paula Ramos, especialista em dependência química, a grande questão envolvendo a droga é a forma de uso. A heroína pode ser inalada (fumada), inspirada e injetada:
— A injeção é pior, pois, em poucos minutos, tem um efeito intenso, que passa rápido, provocando maior dependência. Quando isso passa, a pessoa quer novamente a sensação — explica a médica.
De forma geral, os opioides agem como depressores do sistema nervoso central: primeiro, provocam euforia e aumentam a sensibilidade dos sentidos, depois, podem causar depressão respiratória (ou seja, a respiração diminui).
—A overdose é uma consequência mortal do uso da heroína. Uma grande dose diminui a frequência cardíaca e a respiração de tal forma que um usuário não sobrevive sem ajuda médica — alerta a médica psiquiatra Patrícia de Saibro, do serviço de Álcool e Drogas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas do HCPA.
Sinais físicos como diminuição das pupilas, mudanças repentinas de comportamento e estar alerta à noite e dormir ao longo do dia podem indicar abuso da droga. Isso ocorre, especialmente, porque os usuários ficam tolerantes à substância, necessitando aumentar as doses e a frequência de uso.
Para conter esse efeito, dizem as publicações norte-americanas, Demi teria sido tratada com Narcan, substância antagonista dos opioides.
— Na urgência e sob cuidados médicos, pode-se usar o Narcan, mas não há garantia que ele vai reverter o quadro — destaca Fernanda.
Há vários tipos de opioides: os naturais, como ópio, morfina e codeína (utilizados na medicina); os semi-sintéticos, como a heroína, extraída a partir da morfina; e os sintéticos, como fentanil, substância analgésica e anestésica, também usado para fins médicos.
Segundo Fernanda, um levantamento europeu feito em 2017 apontou que, das overdoses fatais, 81% estavam relacionadas ao uso de opioides.