Já bastante debatida, a depressão pós-parto afeta algumas mulheres até o primeiro ano após o nascimento do bebê. O que ainda não se tem muita clareza é o impacto da depressão ao longo da gestação. Na tentativa de responder essa questão, pesquisadores do King's College, de Londres, realizaram um estudo com 106 mulheres e acompanharam os bebês até um ano após o nascimento.
A conclusão que os pesquisadores chegaram é que há uma relação entre a inflamação induzida pela depressão e mudanças biológicas e comportamentais nos bebês. Para obter os resultados, os cientistas analisaram amostras de sangue e saliva das gestantes entre a 27ª e 32ª semanas de gestação para medir níveis de inflamação e cortisol. O grupo que teve depressão, de acordo com os exames, apresentou maiores índices de ambos. Além disso, elas deram à luz, em média, oito dias antes que as demais.
Já os testes feitos nos recém-nascidos apontaram que os filhos de mães que tiveram depressão na gravidez obtiveram pior desempenho em testes de habilidades — que avaliaram o estado de alerta e resposta a estímulos de luz e som. Os bebês também tiveram os níveis de cortisol medidos durante a rotina de imunização, aos dois meses e um ano. Aqueles cujas mães tinham sofrido com a doença tiveram o hormônio do estresse mais elevado após a vacinação do primeiro ano.
— Nós já sabíamos que crianças nascidas de mulheres que ficaram deprimidas na gestação têm risco maior de desenvolver depressão quando adultos e esse estudo identifica um importante mecanismo biológico que explica isso — disse Carmine Pariante, professora do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King's College London.
— Curiosamente, as mudanças no comportamento e biológicas no bebê não estão relacionadas à depressão pós-parto, mas à doença na gestação, destacando a importância do ambiente uterino — completou.