Os vereadores de Caxias do Sul aprovaram um requerimento contendo seis questionamentos à prefeitura sobre a estrutura de atendimento na rede pública de saúde após a morte de um bebê de 10 meses na madrugada de 9 de julho. O menino tinha um quadro de bronquiolite aguda grave e morreu após atendimento inicial no Postão 24 horas e em dois hospitais. O pedido de informações foi aprovado por unanimidade nesta terça-feira (17).
O requerimento traz um retrospecto do caso. Conforme o texto, a mãe do menino, Mayara Martins Terra, levou o filho Teylor Terra da Fonseca ao Pronto Atendimento 24 horas na noite de sexta (6), onde chegou por volta das 21h30min. Segundo a mãe, o menino tinha um histórico de internação por problemas respiratórios. Às 23h30min, o bebê fez raio X e nebulização.
No dia seguinte, conforme o relato, a mãe observou que o oxigênio não estava funcionando e, às 12h30min, a unidade avançada do Samu levou o menino ao Hospital Geral (HG). No local, o tratamento seguiu com o oxigênio. Conforme o texto, a mãe disse que pediu à médica de plantão para o menino ser encaminhado à UTI Pediátrica, mas recebeu como resposta que não era o momento de entubar e que não havia leitos disponíveis em nenhuma UTI na cidade.
Segundo o relato, quando o menino foi diagnosticado com bronquiolite aguda e foram entubá-lo, ele sofreu uma parada cardíaca ainda no Hospital Geral. Encaminhado para a UTI pediátrica do Hospital Círculo, conforme o texto, o bebê sofreu mais duas paradas cardíacas e morreu. O requerimento informa de maneira equivocada que a morte foi às 3h do domingo; na realidade, foi neste mesmo horário, mas na madrugada de segunda-feira (9).
A família do menino relaciona a morte dele a uma suposta falha de atendimento no Postão e no Hospital Geral. Sobre o caso, o Jornal Pioneiro publicou reportagem na quarta-feira passada (11).
O que dizem a Secretaria da Saúde e o Hospital Geral
A Secretaria da Saúde afirmou que "o menino foi atendido rapidamente e em tempo menor do que o estipulado para um paciente que foi classificado como não urgente na triagem". Conforme a secretaria, a criança foi recebida para avaliação nove minutos depois de dar entrada. O órgão descarta abrir investigação porque afirma que a conduta dos profissionais foi considerada adequada.
A comunicação da pasta diz que a mãe não aceitou que o menino continuasse recebendo oxigênio, dizendo que não estava resolvendo. Segundo a secretaria, o menino acabou ficando sem oxigênio, embora o técnico de enfermagem não tivesse constatado problemas no equipamento e a equipe do Postão, mesmo assim, tivesse se proposto a fazer a troca.
Já o Hospital Geral disse que não havia leito de UTI pediátrica disponível no final de semana e que dependia da central reguladora de leitos até a transferência do bebê. A instituição afirmou que o menino foi atendido no serviço de urgência e emergência, tendo toda a assistência necessária, e que, desde o momento da chegada da criança, no sábado (7), às 13h01min, foi solicitado leito em UTI pediátrica para a central reguladora de leitos; e quando vagou um leito, o bebê foi transferido.
A prefeitura tem um prazo de 30 dias para responder aos questionamentos dos vereadores. Na manhã desta quarta (18), a Secretaria da Saúde informou que ainda não havia recebido o requerimento da Câmara.
Confira abaixo a relação de perguntas
1- Objetivamente, a vida de Teylor poderia ter sido salva se o menino tivesse sido internado em um leito de UTI, e entubado de forma imediata, após o diagnóstico de bronquiolite aguda grave?
2 - Existe um profissional médico 24 horas trabalhando junto à Central de Regulação de Leitos?
3 - Visto a necessidade de um leito de UTI, e constatado a não disponibilidade imediata desta vaga, qual a conduta do município? E especificamente neste caso, o município procurou vaga de leito de UTI na rede privada?
4 - Uma vez entendida a necessidade de internação em um leito de UTI, e não havendo o leito disponível em Caxias do Sul, quem decide sobre a compra de leitos de UTI em hospitais particulares de Caxias e/ou região?
5- Quais medidas preventivas o município está tomando para que todos os usuários sejam atendidos sem correr risco efetivo de vida por falha no atendimento ou insuficiência física para atender a demanda que dispõe?
6- Qual a disponibilidade de leitos de UTI adulto e pediátrico em Caxias e região?