O Hospital Geral (HG) de Caxias do Sul deixou de ter atendimentos apenas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O serviço de radioterapia está sendo fornecido para usuários de dois planos de saúde: Unimed e Instituto de Previdência do Estado (IPE). O Geral era o único hospital da Serra com atendimento apenas para pacientes do SUS. Durante uma visita ao HG em fevereiro, o então ministro da Saúde, Ricardo Barros, sugeriu a venda de serviços para a rede privada como forma de superar dificuldades financeiras. Recentemente, o HG conseguiu a autorização do Estado para isso.
Conforme o diretor do HG, Sandro Junqueira, seria possível vender até 20% dos serviços ambulatoriais. Mas, neste momento, a ideia é oferecer para a rede privada apenas a radioterapia. Até então, os planos de saúde não ofereciam essa opção de tratamento de câncer em Caxias do Sul. Junqueira ressalta que o hospital não tem lista de espera para o tratamento do SUS e permanece com o mesmo número de atendimentos, cerca de 70 por dia. Segundo ele, a instituição também tem capacidade para atender a toda a demanda dos planos de saúde.
A Unimed contrata o serviço desde maio e já autorizou tratamento para 18 pacientes. Já o IPE Saúde firmou o contrato na metade de junho. Pelo menos, outras duas operadoras abriram negociações com o HG: o Círculo e o Fátima Saúde.
O médico Luciano Grohs, diretor técnico do Fátima Saúde, diz que o plano tem cerca de 50 atendimentos de radioterapia por mês. Hoje, os beneficiários têm de se deslocar até Bento Gonçalves ou até Porto Alegre.
— A gente entende que é um grande avanço porque pacientes que hoje têm de sair de Caxias, terão tratamento na cidade. O padrão (da radioterapia do HG) é muito bom — comenta o diretor.
A venda de serviços foi uma opção do HG para amenizar o déficit financeiro. No início do ano, a Fundação Universidade de Caxias do Sul (FUCS), que administra o HG, projetou déficit de R$ 9 milhões. Em maio, com a destinação de verbas federais, reduziu para R$ 7 milhões. Mesmo assim, a direção chegou a anunciar a possibilidade de fechamento de leitos se não houvesse aumento de recursos públicos.
Diante desse cenário, a FUCS conseguiu negociar com o Estado um aditivo de cerca de R$ 5,5 milhões neste ano, conforme o presidente da FUCS, Ambrósio Bonalume. Segundo ele, a expectativa é que o novo contrato, que será assinado em fevereiro, mantenha ou amplie o valor de R$ 4,2 milhões por mês por parte do governo estadual. O HG também recebe recursos federais e estaduais.