O Hospital Geral (HG) de Caxias do Sul projeta fechar até 50 leitos em 60 dias, se não conseguir suprir um déficit financeiro de cerca de R$ 600 mil por mês. O número representa 22% dos 227 leitos da instituição. Se ocorrer, a medida afetará o sistema de saúde pública da cidade em pleno inverno, quando existe um aumento histórico na procura por atendimentos. Além disso, podem ocorrer demissões.
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Nesta semana, a direção do HG já tinha acenado com a possibilidade da redução nos atendimentos, mas não havia divulgado prazo. A instituição é mantida pela Fundação Universidade de Caxias do Sul (FUCS), que no ano passado aportou R$ 6 milhões para manter o funcionamento pleno. Para este ano, o déficit previsto era de R$ 9 milhões, mas uma emenda parlamentar e a liberação de recursos do Ministério da Saúde reduziu essa projeção para R$ 7 milhões.
Em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (6), o presidente da FUCS, Ambrósio Bonalume, disse que não existem condições de que o aporte ocorra novamente. Segundo ele, os recursos têm de sair das mensalidades de estudantes para a Universidade de Caxias do Sul (UCS).
— Se houver nesse meio tempo um aporte de valores por parte de qualquer órgão público, seja ele municipal, estadual ou federal, nós não fecharemos. Se não vier nenhum aporte financeiro, nós somos obrigados a tomar essa providência para evitar uma calamidade maior para a Fundação e para a própria Universidade — afirma.
Segundo Bonalume, a UCS repassa cerca de R$ 100 mil por mês ao HG para pagar por estágios de estudantes da área da saúde. Cerca de 600 alunos utilizam a estrutura. Para Bonalume, a presença de um hospital escola é importante para a UCS, mas uma das contrapartidas oferecidas é a excelência nos atendimentos possibilitada pela presença de professores e estudantes. O presidente da FUCS salienta ainda que o pagamento por atendimentos de saúde pública deve ser feito pelo Poder Público.
De acordo com ele, o custo de operação é de aproximadamente R$ 8,5 milhões por mês. Mensalmente, o município repassa R$ 214 mil ao HG. Conforme diretor geral do hospital, Sandro Junqueira, o Estado destina R$ 2,8 milhões. Ele não soube informar qual é o recurso transferido pela União.
Conforme a secretaria municipal da Saúde, Deysi Piovesan, não existe possibilidade de aumento de repasses. Um dos argumentos é o investimento de 25% do município em saúde e que não pode ser ampliado. Outro aspecto é que o prédio foi construído pelo governo estadual e, portanto, o principal mantenedor deve ser o Estado.
Na quinta-feira (5), os administradores do hospitais se reuniram com representantes do governo estadual. Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Estado informou que "está em tratativas o reajuste do convênio, o que deverá solucionar o problema do HG".
As alas que teriam fechamento de leitos ainda não foram definidas pela FUCS. O HG é referência para 49 municípios. A prefeitura e vereadores de Caxias do Sul disseram que tentarão buscar o apoio dessas prefeituras para financiar o hospital. No entanto, essa medida já tentou ser negociada em outros anos, sem sucesso. Além disso, a direção do HG diz que 85% das internações é de moradores de Caxias.